Crise política na Venezuela deve dominar 25ª Cúpula Ibero-Americana

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Crise política na Venezuela deve dominar 25ª Cúpula Ibero-Americana

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RFI

mediaManifestantes em Caracas protestam contra o presidente Nicolás Maduro
REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

A 25ª Cúpula Ibero-Americana, que começa nesta sexta-feira (28) na cidade colombiana de Cartagena, servirá para que os representantes dos 22 países presentes discutam à margem da agenda oficial um tema que todos têm em mente: a crise política na Venezuela.

O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, anunciou que aproveitará a reunião para reiterar a necessidade de buscar uma saída para a situação na Venezuela e, mais especificamente, para insistir na ativação da Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao governo de Nicolás Maduro.

Kuczynski também afirmou na quinta-feira (27) que pedirá a mobilização de "uma operação de ajuda humanitária à Venezuela", diante da escassez de alimentos e remédios nesse país.

A Carta Democrática permite que a OEA intervenha em casos de alteração da ordem constitucional em um país membro e, se for aprovada, pode acarretar sanções contra o país caribenho.

Além da iniciativa peruana, é possível que os chanceleres do Mercosul se reúnam à margem dos debates sobre juventude e empreendimento, temas centrais da Cúpula Ibero-Americana, para falar sobre a crescente tensão entre o governo de Maduro e a oposição.

O Mercosul é constituído por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

Encontro de chanceleres do Mercosul

Segundo o ministro das Relações Exteriores paraguaio, Eladio Loizaga, o encontro de chanceleres do Mercosul "para considerar a situação da Venezuela" seria realizado na quinta-feira, mas fontes de vários países do bloco regional disseram que se encontrarão nesta sexta-feira em Cartagena, sem que tenha sido divulgada uma hora ou local específico para a reunião.

Loizaga afirmou que a reunião será "realizada sob o amparo do Protocolo de Ushuaia Sobre Compromisso Democrático no Mercosul, levando-se em conta a situação vivida neste momento" na Venezuela, e que "pode ser tomada a decisão de iniciar o processo" de suspensão de Caracas do bloco.

Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai optaram em setembro por assumir conjuntamente a presidência temporária do Mercosul, que cabia à Venezuela, para observar se o país cumpre os requerimentos do grupo.

O governo venezuelano afirmou, no entanto, estar "em pleno exercício da presidência" do Mercosul e classificou de ilegal a "potencial realização" de uma reunião de chanceleres do bloco, afirmando que, de qualquer forma, as decisões que serão tomadas seriam nulas.

Ao chegar à Colômbia, a ministra das Relações Exteriores argentina, Susana Malcorra, disse que "a situação na Venezuela é muito delicada", o que preocupa seu país.

Sem mencionar a eventual reunião do Mercosul, Malcorra considerou que é impossível que a atual situação de tensão se resolva "de outra forma que não seja pelos próprios venezuelanos".

José Serra representa o Brasil

O ministro José Serra representará o Brasil e deve defender a aplicação da cláusula democrática do Mercosul contra a Venezuela, segundo uma fonte do governo brasileiro.

A questão da cláusula democrática é consenso entre Brasil, Argentina e Paraguai. A exceção é o Uruguai, que hesita em tomar medidas duras contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Esta semana, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, admitiu, pela primeira vez, debater a implementação da cláusula, mas não está claro se estará disposto a avançar em direção à suspensão da Venezuela. O objetivo dos chanceleres de Brasil, Argentina e Paraguai é iniciar um processo formal de aplicação da cláusula democrática. De acordo com o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga, a suspensão não será, em caso de consenso, imediata.

A decisão, como tudo no Mercosul, requer o respaldo de todos os sócios plenos, com exceção da Venezuela. O chanceler paraguaio afirmou que seu governo defende um “processo legal e ordenado”, ao contrário do que aconteceu com o Paraguai em 2012, quando o país foi suspenso do bloco em tempo recorde, após o impeachment do presidente Fernando Lugo.

Greve geral na Venezuela

Para esta sexta-feira, a oposição venezuelana convocou uma greve geral de 12 horas, como parte de uma nova estratégia de protestos após a suspensão do processo de referendo revogatório contra Maduro há uma semana. O governo, enquanto isso, ameaçou com a ocupação das empresas que pararem suas atividades.

A princípio, não está previsto que Maduro viaje a Cartagena, e os organizadores da cúpula esperam como representante de Caracas o vice-ministro para América Latina e Caribe da chancelaria, Alexander Yánez.

No âmbito da cúpula, também é esperado um apoio dos dignitários presentes, entre eles o rei Felipe VI da Espanha, ao presidente anfitrião e prêmio Nobel da Paz Juan Manuel Santos, por seu persistente empenho para acabar com o conflito armado que atinge a Colômbia há mais de meio século.

Muitos presentes acreditavam que comemorariam com Santos a concretização da paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mas, como o acordo negociado com a guerrilha foi rejeitado nas urnas no início de outubro, o que se espera são novas mensagens de encorajamento para prosseguir na busca pela paz.

Fonte: Rádio França Internacional

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