Lollapalooza: Bruno Mars faz o show mais dançante, carismático e carregado de groove do festival

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Lollapalooza: Bruno Mars faz o show mais dançante, carismático e carregado de groove do festival


Debaixo de um sol ardente, Tyler, The Creator, fez uma apresentação ao mesmo tempo explosiva, sombria, carinhosa e colorida

por Igor Brunaldi, de Chicago
4 de Ago. de 2018 às 13:29

Após mais um dia inteiro de calor massacrante, Bruno Mars subiu ao palco decidido a não deixar cair a temperatura (que se torna suportável durante a noite). O público que se aglomerou para ver o show de encerramento do segundo dia de Lollapalooza parecia ser formado por todo mundo que foi ao festival nesta sexta, 3. Sem dúvida alguma, foi a apresentação mais lotada até o momento (e que dificilmente será superada nesse quesito), e diante dessa multidão o músico fez jus ao status de um dos maiores artistas da atualidade, além de possivelmente o mais carismático.

Baseando-se apenas na reação da plateia, seria impossível julgar quais eram os maiores sucessos do cantor. A cada nova música que começava todos os fãs gritavam de empolgação e cantavam em uníssono cada palavra. O enorme setlist contou com faixas como “Locked Out of Heaven”, “Marry You”, “That’s What I Like”, “Just The Way You Are” e “Calling All My Lovelies”, e foi complementado por muito bom humor, performances de break dance, solos de guitarra, saxofone e bateria e até uma disputa de dança entre o lado esquerdo e o direito do público.

Leia também a cobertura do primeiro dia de Lolla Chicago 2018

O rótulo de artista “pop” acaba servindo apenas como abreviação para o título de “popular”, sem chegar perto de conseguir descrever o gênero musical em que ele se encaixa, uma vez que, durante toda o espetáculo, Mars usou e abusou de uma sonoridade cheia de groove e da clássica pegada funkeada e sexy da black music. A movimentação pelo palco e a sincronia que tem com a banda que o acompanha beiram o inacreditável e chegam a atingir o impecável. Com todos vestindo o uniforme do time de basquete Chicago Bulls, durante toda a apresentação eles mantêm uma unidade impressionante, como se fizessem uma enorme coreografia que só cessou ao final de “Uptown Funk”, quando a última bateria de fogos de artifício acabou e as luzes se apagaram.

Apesar de ter se apresentado no meio da tarde (ou seja, não era uma das atrações principais) e sob o sol impiedoso do verão de Chicago, Tyler, the Creator reuniu um público tão grande quanto (senão maior que) o do Arctic Monkeys, headliner do dia anterior. O rapper foi responsável pelo show mais bipolar até o momento, transitando entre o que poderia ser a calmaria de uma maré baixa e a crista de um tsunami prestes a atingir a costa em questão de minutos, com uma facilidade atípica e sempre levando o público consigo.

Com um setlist focado principalmente nos álbuns Wolf, Cherry Bomb e Flower Boy (embora também tenha tido espaço single “OKRA” e para uma versão de “Biking”, do amigo Frank Ocean), ele transmitiu pessoalmente as duas facetas tão aparentes em suas composições: ao mesmo tempo em que se mostrava explosivo, agressivo e sombrio em músicas como “IFHY”, “Deathcamp” e “Tamale”, aproveitava faixas como “Boredom”, “Find Some Time” e “See You Again” (que desde seu lançamento se provou uma unanimidade e foi sucesso instantâneo entre os fãs) para deixar transparecer seu lado sensível, romântico e colorido.

Apesar de se apresentar sozinho no palco, o músico que ficou conhecido por sua voz grave e rouca prendeu a atenção dos fãs do começo ao fim, com danças, pulos, gritos e uma movimentação corporal desengonçada, mas sincera e espontânea, assim como sua interação com o público. No exato momento em que a introdução da música “Who Dat Boy” começou, vários espaços vazios começaram a se abrir no meio da multidão. Mas as pessoas não estavam indo embora. Pedindo para que Taco, seu DJ, parasse a música, Tyler disse: “Consigo ver uns 30 pequenos moshpits se abrindo. Por que vocês não juntam tudo e fazem um enorme? Taco, começa essa música de novo”. E assim foi. No momento em que a energética batida da faixa começou, a plateia inteira se transformou em um bate-cabeça gigante, com pessoas se jogando, se empurrando e, obviamente, gritando a letra junto so rapper. Logo em seguida, veio a calmaria nostálgica de “November”, exemplificando da forma mais clara e pura a polaridade fenomenal exibida no show.

Outro fenômeno do rap que se apresentou foi o coletivo Brockhampton. Formada por rappers, cantores, artistas visuais e produtores, a autoproclamada “melhor boyband do mundo” se esforçou para encaixar seu enorme repertório em apenas 60 minutos de show. Em 2017, eles ganharam notoriedade pelas rimas sinceras, criatividade, atitude “diy” (faça você mesmo) e produção em velocidade e qualidade atípicas – lançaram três disco no ano passado.

Mesmo com o tempo “curto”, o setlist percorreu um pouco de cada um dos álbuns da trilogia Saturation, abrindo espaço para faixas como “Junky”, “Gold”, “Star” e “Zipper”, além de singles lançados recentemente, como “1999 Wildfire”, “1998 Truman” e “1997 Diana”, que estarão no próximo disco, The Best Years of Our Lives.

Subiram ao palco apenas os integrantes que cantam: Kevin Abstract, Matt Champion, Merlyn Woods, Bearface, Dom McLennon e Joba, todos vestindo calça preta, camiseta e tênis brancos, criando uma imagem adequada ao título de boyband. A animação de tocar em um festival do tamanho do Lolla Chicago era nítida. Não havia coreografia, apenas a agitação e energia de um grupo de jovens e a sincronia enquanto se revezavam para cantar seus versos intercalados.

Acompanhe a cobertura dos principais shows pelo nosso site, Facebook e Instagram, e assista à transmissão ao vivo através do link abaixo, da Red Bull TV.





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