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Líderes europeus querem acelerar saída do Reino Unido da UE
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François Hollande (à esq.), Angela Merkel e Matteo Renzi (à dir.) durante entrevista coletiva após uma reunião, em Berlim.
John MACDOUGALL / AFP
Cinco dias após a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia, a imprensa francesa desta terça-feira (29) ainda avalia o impacto do chamado Brexit, que traz um cenário de muitas incertezas para dos britânicos e também para o bloco europeu.
Para Le Figaro, o presidente da França, François Hollande, e a chefe de governo alemã, Angela Merkel, pressionam o Reino Unido para acelerar a saída da União Europeia, mas eles não apresentam proposta alguma para responder ao desafio político que representa o Brexit.
Na reunião de crise, em Berlim, na noite de segunda-feira (28), Merkel, Hollande e o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi tentaram passar uma imagem de “união de uma Europa que se encontra fragilizada”, segundo o jornal.
A reunião de crise fez parte de uma estratégia para “ganhar tempo” e preparar um documento durante o Conselho Europeu para ser avaliado por outros países membros do bloco. No entanto, afirma o diário, Merkel fez questão de dizer que o trio Paris-Berlim-Roma não pretende formar um grupo para impor suas decisões aos outros membros do bloco.
Investimentos britânicos adiados
Les Echos traz várias páginas para analisar o impacto do resultado do plebiscito e afirma que existe uma ameaçada para a City, como é conhecida a praça financeira de Londres, uma das mais importantes do mundo.
As incertezas sobre o futuro levam muitas empresas britânicas a adiar investimentos e contratações de trabalhadores, informa o jornal, divulgando uma pesquisa feita por um instituto de pesquisa. Cerca de 25% das empresas consultadas vão evitar contratar empregados enquanto o cenário não estiver mais claro. Este período de incertezas penaliza principalmente as chamadas start-ups, dependentes de dinheiro de investidores. Mais de 36% das empresas também consideram que o Brexit terá um impacto negativo em suas atividades.
Libération diz que a saída do Reino Unido pode levar bem mais tempo do que a data fixada inicialmente para junho de 2018, ou seja, dois anos após a votação.
David Cameron, o primeiro-ministro demissionário, que defendeu com unhas e dentes a manutenção do país no bloco e foi derrotado, garante que vai respeitar o voto popular. No entanto, ressalta Libé, ele não quer ser o responsável por acionar o artigo 50 do tratado de Lisboa, que prevê a saída de um estado membro do bloco.
“Os contornos da saída dos britânicos da União Europeia ainda estão muito opacos”, diz a reportagem. Para Libé, muita gente ainda parece assustada com a decisão de 51,9% dos eleitores de virar as costas para os parceiros europeus. Além disso, os britânicos enfrentam uma “crise de nervos” enquanto esperam, na quinta-feira (30), a apresentação de futuros candidatos ao posto de David Cameron, que deve deixar o governo em breve.
Enquanto isso, a libra esterlina continua em queda. A reação dos mercados mostra que o alerta emitido pelas instituições internacionais sobre os riscos de uma saída do Reino Unido do bloco não era um blefe, afirma Libération.
Sem pressa
Le Parisien informa que na reunião a partir desta noite em Bruxelas, os 27 países do bloco vão querer acelerar a saída dos britânicos, mas Londres não tem pressa alguma.
Os líderes vão tentar afinar o discurso para consumar rapidamente o primeiro divórcio de um país da União Europeia. Mas os britânicos vão querer ganhar tempo para negociar a saída da melhor maneira e preservando seus interesses, escreve Le Parisien.
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Fonte: Rádio França Internacional