Assim como acontece com M/A/R/R/S, Bomb The Bass e alguns outros, é difícil mensurar a importância do Coldcut para a música eletrônica (dançante) contemporânea. Matt Black e Jonathan Moore, os nomes por trás do projeto, começaram como DJs de rádio – o que lhes deu uma bagagem musical absurda – e depois se embrenharam pelos campos dos remixes e da produção, sempre ligados nas possibilidades que a tecnologia proporciona nessas searas.
Ganharam notabilidade pra valer em 1987, quando remixaram “Paid in full”, de Erik B. & Rakim e na sequência deram ao mundo “Hey kids what time is it?”, inaugurando oficialmente – até onde sei – o sampladelismo, a arte de criar música usando nacos de músicas alheias, caminho depois seguido por um sem número de artistas (pense em Paul’s boutique, dos Beasties e Since I left you, do Avalanches, por exemplo) até que outros artistas – os sampleados, no caso – se sentiram lesados e casa caiu.
Em 1989 lançaram seu primeiro disco cheio, What’s that noise?, com a mesma pegada que haviam mostrado dois anos antes. Misturando incontáveis samples, conhecimento e técnicas apuradas como músicos produtores, house, hip hop, breaks, etc e contando com uma lista invejável de convidados (de Junior Reid, do Black Uhuru a Mark E. Smith, do Fall) assombraram geral mais uma vez, escancarando de vez as porteiras da tal ‘música de DJ’ (os roquistas choram hahaha).
Bem, como a dupla via sua criatividade tosada pelas gravadoras e queria total liberdade para ‘construir’ sua música, após o lançamento de What’s that noise? fundaram seu próprio selo, a grande Ninja Tune, inaugurando assim mais um capítulo na história contemporânea dos bons sons. Mas esse capítulo fica prum outro dia, talvez num episódio radiofônico do PCP, porque hoje o lance é aumentar o volume e escutar no talo a estreia do Coldcut.
Segura a trip!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos
