Future Islands diverte o público paulistano com seu indie pop eletrônico e vocalista carismático
Há algum tempo a Balaclava Records vem organizando shows e festivais no Brasil, com foco em nomes menos óbvios. Apostando em artistas de prestígio, mas longe do sucesso de massa, o selo, não só registra em disco muitas bandas e artistas da cena alternativa do país, como também traz muita gente que normalmente não tocaria aqui por outros meios.
A mais recente edição do festival aconteceu ontem em São Paulo (13) e teve como principais atrações os americanos do Future Islands e Sun Kill Moon, além dos argentinos do Un Planeta, que fazem um dream pop bem interessante, e dos já quase veteranos brasileiros do Holger.
O Sun Kill Moon é o projeto de Mark Kozelek, que nos anos 90 ficou conhecido como membro e principal figura dos Red House Painters, que fazia um som lento e extremamente melancólico, que soava totalmente distante seja do grunge americano, ou do rock inglês do período.
Com o SKM ele se especializou em gravar canções longas, que mais aprecem crônicas musicadas. Em tom quase de conversa ele pode falar sobre qualquer assunto que lhe vêm a cabeça, muitas vezes com um senso de humor afiado, mas também de maneira mais emotiva.
Sendo assim, fica claro que quanto maior o domínio do ouvinte em inglês, mais ele será apreciado. No final, Kozelek, com o auxílio de uma estante carregada de folhas de papel com letras, e acompanhado por um trio de guitarra, teclado e bateria, que criam dinâmicas bem interessantes nas canções, conseguiu entreter o público que estava no Tropical Butantã em São Paulo.
Mostrando tanto canções novíssimas (ele lançou um álbum solo há três dias) e outras (um pouco) mais conhecidas, como a linda “I Can’t Live Without My Mother’s Love” presente no celebrado “Benji” de 2014, Kozelek fez um show atípico, mas único, ainda que sua música não seja para todos os públicos.
Bem mais simples, e até populistas, são os Future Islands que entraram em seguida depois de alguns minutos de atraso. A banda tem como centro de atenções o vocalista Samuel Herring, que surpreende com sua presença de palco divertida e intensa que, fato, soam inesperadas, vindas de alguém que em nada se parece com o típico artista pop.
Dançando sem parar, dando inclusive um arriscado “peixinho” em certo momento, Herring é um ótimo frontman que se entrega por inteiro.
Disposto a entreter o público, o cantor não se importa em terminar o show com as cordas vocais em frangalhos – ele dá novas inflexões às músicas, fazendo uso até de uma inusitada “voz de death metal” em alguns momentos, ou de rasgar as calças que forçaram uma rápida saída até os bastidores para uma troca de roupa (ele brincaria depois que eles estavam fazendo que nem nos shows das estrelas do pop com as trocas de figurino)
O FI se mostrou uma boa banda que mistura rock e instrumentos eletrônicos – o New Order certamente está entre as grandes influências .
Os americanos estão construindo uma discografia sólida – algo que os dois últimos álbuns, responsáveis pela maior parte do repertório, comprovam – e vale a pena prestar atenção em seus próximos passos. O público aprovou, aplaudiu bastante e explodiu mesmo, como esperado, em “Seasons (Waiting on You)” o hit de 2014 e um dos grandes singles desta década.
Agora é torcer para que eles voltem para cá com mais frequência e para que a Balaclava siga organizando shows e festivais como esse.