Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná tem mais de 600 candidatos inscritos

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A representatividade dos povos indígenas nas universidades tem crescido ao longo dos anos. No Paraná, uma das iniciativas que promovem esse acesso à educação superior é um processo seletivo específico – o Vestibular dos Povos Indígenas do Paraná, uma iniciativa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do estado (Seti). A proposta, destaca o cacique da Terra Indígena de Mangueirinha, José Carlos Gabriel Poty, além de uma oportunidade de ingresso no ambiente acadêmico, é também uma maneira de fortalecer a identidade indígena. “Para a comunidade indígena isso é uma inclusão. Na medida em que esses programas de inclusão social vêm acontecendo dentro da comunidade, nós vamos criando quadros com conhecimento natural, cultural e científico. Isso é buscar a modernidade sem esquecer as raízes”, avalia.

O Paraná é o único estado que tem um vestibular voltado exclusivamente aos povos indígenas. Cada edição disponibiliza um total de 52 vagas – são seis em cada universidade estadual e outras dez na Universidade Federal do Paraná. Nesta vigésima terceira edição, a responsável pela organização de todo o processo seletivo foi a Universidade Estadual de Londrina. “O total de candidatos homologados foi de 622 inscritos para os sete polos. No polo Mangueirinha têm 94 candidatos habilitados para fazer a prova”, pontua o responsável pela coordenadoria de processos seletivos da Uel, Everson Cazarim.

A aplicação das provas no Polo de Mangueirinha ficou sob a responsabilidade da Unicentro. Por ser um processo diferenciado, explica a coordenadora do polo, Sueli Córdova, a seleção de candidatos é feita em duas etapas. “No primeiro dia é a prova oral. Essa prova vai avaliar a capacidade deles de entender um texto em português – porque a maioria deles tem a língua mãe que é o Kaingang ou o Guarani – interpretar o texto e falar sobre o texto”, detalha. “No segundo dia tem redação, prova de português e conhecimentos gerais. Todo o vestibular é voltado para a cultura deles, as questões têm a ver com o que eles vivem aqui na Terra”, acrescenta.

Natanael Piramy Bandeira e Tailã Kauê Portela Palhano são candidatos desta edição. Para eles, o vestibular é o primeiro passo para uma vida profissional de sucesso e um incentivo para que outros indígenas também tentem uma vaga no ensino superior. “Eu vou escolher Pedagogia por conta da minha mãe. Minha mãe vai se formar em Pedagogia. Aí, eu também vou optar por essa vaga e tentar batalhar para que eu também consiga ser um profissional qualificado nessa área”, diz Natanael. “Estamos sempre incentivando o povo mais jovem, dizendo assim: venham tentar, por mais que a gente não consiga, mas o importante é tentar, aproveitar essa oportunidade”, reforça Tailã.

Alana Santos também é uma das candidatas. Por já trabalhar em sala de aula, quis tentar uma vaga no curso de Pedagogia. “Eu quis me aprofundar mais nisso porque ainda não tinha uma base. Então eu tentei fazer esse ano o vestibular para Pedagogia para ter a base porque a Pedagogia é o principal dentro da área da educação”, compartilha. Liliane Alves de Oliveira também está em busca de uma vaga no curso de Pedagogia. A expectativa é ir bem nas provas e, depois de finalizar a formação superior, já ingressar no mercado de trabalho. “Espero que depois de formada tenha uma vaga”, projeta.

Depois das provas, o próximo passo é aguardar a lista de aprovados, que está prevista para ser divulgada até o dia 18 de abril, no site da Universidade Estadual de Londrina.

 

 

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por Maíra Machado



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