Identificar, compreender e manejar relações abusivas. Esse foi o enfoque da palestra promovida pela Pró-Reitoria de Apoio aos Estudantes (Proae) no Câmpus de Irati da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) na última quarta-feira (26). A equipe do Núcleo Maria da Penha (Numape) foi convidada para conversar sobre o assunto com alunos e servidores da unidade universitária.
Como destaca a coordenadora de Promoção à Saúde de Irati, professora Eliane Cristina Pereira, a iniciativa faz parte das ações desenvolvidas pela pró-reitoria em alusão ao Mês das Mulheres. “Essa conversa foi organizada para que toda a comunidade acadêmica esteja atenta ao tema, mas principalmente para que as mulheres saibam os seus direitos e o que fazer em situações abusivas”, afirma.
Evento reuniu servidores e estudantes para discutir o assunto (Foto: Coorc)
Com a participação da advogada Letícia Mudrei Marchinski, da psicóloga Larissa das Graças Choida e das bolsistas Anna Júlia Pontes dos Santos e Corina de Carvalho Cellarius, o evento começou com informações e exemplos para identificar os cinco tipos de violência contra a mulher previstos na Lei Maria da Penha, ou seja, a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
“Uma coisa que a gente percebe nos nossos atendimentos é que a violência psicológica está presente em praticamente todos os casos, justamente porque ela começa muito sutil. Às vezes disfarçada de carinho, de ciúmes, em coisas que são normalizadas dentro das relações e não deveriam”, conta a advogada do Numape.
Para explicar o que leva tantas mulheres a permanecerem em relacionamentos abusivos, as palestrantes apresentaram o trabalho da pesquisadora e psicóloga Valeska Zanello. Em seus estudos, Zanello fala sobre a forma como o amor romântico ocupa lugares diferentes no processo de socialização de homens e mulheres. Enquanto elas são ensinadas desde a infância a buscarem uma validação masculina, o mesmo não ocorre com eles.
“Seja por histórias que ouviram na infância, como contos de fada ou até filmes, as mulheres vão naturalizando que a realização pessoal só vai acontecer se estiverem em um relacionamento. E é essa idealização do amor que leva muitas delas a tolerarem abusos na esperança de que o agressor vai mudar ou que ela vai conseguir salvar aquela relação”, compartilha Corina, bolsista e acadêmica de Psicologia.
Aspectos como a dependência financeira e a maternidade também foram elencados durante a palestra. “Muitas continuam no relacionamento justamente para não quebrar essa estrutura familiar, por ter receio de desestabilizar os filhos. São coisas que a gente escuta muito no Numape”, complementa a acadêmica.
Para Marielli Ramos Pinheiro, psicóloga da Proae, trazer essa conversa à tona auxilia alunas e servidoras a reconhecerem situações de violência o quanto antes. “Todo mundo conhece alguém que já passou por isso. Em muitos casos, a mulher não consegue nem se desvincular e nem ter o discernimento de que o que está acontecendo é um abuso, é uma violência. Por isso, essa é uma temática tão importante no sentido de prevenção e de proteção”, reforça.
“Gerou uma discussão bem interessante, conseguimos envolver homens e mulheres, estudantes de diferentes cursos e funcionários. Acredito que todos saem daqui mais atentos, não só aos próprios relacionamentos como também ao nosso redor. É importante ter essa consciência até para ajudar alguma amiga ou familiar quando necessário”, conclui a advogada Letícia.
Numape
O Núcleo Maria da Penha presta acompanhamento jurídico e psicológico gratuito para mulheres em situação de violência doméstica e familiar. É possível entrar em contato com a equipe pelo telefone (42) 3421-3086, pelo WhatApp (42) 99904-1423 ou ainda pelo e-mail numapeirati@gmail.com. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30.
Por Paula Claro
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