Na tarde da última segunda-feira (27), o Câmpus Cedeteg, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), sediou uma roda de conversa com o tema: “Mulheres na Ciência: Reflexões sobre representatividade e barreiras de acesso”. O evento, promovido pelo projeto de extensão “Mulheres que Somam”, do Setor de Ciências Exatas e de Tecnologia de Guarapuava, marcou o início de uma iniciativa para fomentar a permanência e o engajamento de mulheres nas carreiras de Ciências Exatas e de Tecnologia.
A roda de conversa reuniu acadêmicas, acadêmicos, profissionais e docentes em um espaço de diálogo aberto e inclusivo. A palestra foi conduzida pela professora Roseli Machado, docente do Departamento de Administração da Unicentro e diretora do Câmpus Santa Cruz, que compartilhou suas experiências e pesquisas na área, como as reflexões de gênero no sistema de ensino superior do Estado do Paraná. “O projeto é fundamental para que as meninas tenham consciência, o primeiro passo é uma conscientização de que algumas práticas, algumas estatísticas, embora sejam aculturadas, são normalizadas no nosso meio, elas não são normais. A ideia da palestra foi muito mais desconstruir algumas verdades. Que as meninas tenham consciência disso, que as meninas tenham consciência dos seus direitos, de que não estão sozinhas”, disse.
Mulheres que Somam
O projeto “Mulheres que Somam” surgiu da necessidade de enfrentar a desigualdade de gênero no setor de Ciências Exatas e de Tecnologia. Coordenado pela professora Tania Toyomi Tominaga, o projeto visa criar um coletivo acadêmico que ofereça apoio contínuo às mulheres, promovendo ações que vão desde a orientação acadêmica até a realização de eventos de capacitação. “Esse projeto surgiu a partir de uma ideia de como a gente poderia atingir as meninas da área de exatas para permanecerem no curso, ter uma roda de conversa, fazer orientações em diversas áreas, ter projetos para as meninas. Eu conhecia várias professoras do setor que tinham ações isoladas, envolvendo meninas, vários projetos de pesquisa e extensão, então reuni esse grupo. E a ideia também não foi só as professoras proporem projetos, mas chamarem as alunas para participarem e também fazerem sugestões sobre o que elas gostariam de ouvir, quais palestras, quais conversas, quais orientações que elas queriam ter”, explicou a professora Tania.
O evento foi apenas o primeiro de muitos planejados pelo projeto. As organizadoras esperam que, ao longo do tempo, o “Mulheres que Somam” consiga aumentar significativamente a presença feminina nos cursos de Ciências Exatas e Tecnologia da Unicentro. “O primeiro evento foi sobre o papel da mulher na ciência brasileira, depois o pessoal pediu para falar sobre assédio – que muitas delas estiveram envolvidas, elas foram assediadas, tanto moralmente, quanto sexualmente e não sabiam como procurar ajuda -, outra foi a autoestima das meninas na área de exatas, elas não se sentem capazes de prosseguir com o curso e desenvolver projetos, de alcançar no mercado de trabalho as posições mais altas e é isso que a gente quer trabalhar, não só ver a parte científica e acadêmica, mas também trazer toda essa parte de empoderamento feminino”, afirmou a coordenadora Tania.
Engajamento e apoio contínuo
A vice-diretora do Câmpus Cedeteg, Aline Marques Genú, destacou a importância da iniciativa e o compromisso do câmpus com a causa. “A temática que o projeto traz é mostrar para as alunas que elas podem estar aqui, que elas pertencem a esse local e, principalmente, a (área) de exatas, que você tem proporcionalmente uma quantidade menor de mulheres participando. Trazer e discutir o assunto, mostrar os problemas, as dificuldades, mas que isso pode ser vencido é um fator importante para o desenvolvimento e permanência dessas meninas nos seus cursos de graduação. Quando as alunas vêm e veem as possibilidades, que pode ser feito e percebem que são passíveis de serem escutadas isso é um grande avanço”, declarou Aline.
Para a professora Roseli, a conscientização e a formação de uma rede de apoio são fundamentais para ultrapassar os obstáculos. “O primeiro conselho que eu daria para essas meninas é: não desista. Você teve alguma dificuldade, você enfrentou algum obstáculo, não é porque você é menos competente do que os outros. A compreensão de que estamos lidando com algo que é coletivo, nos ajuda a não desistir. Segundo, discutir o assunto e buscar uma rede de apoio é fundamental. A partir do momento que a gente tem consciência de tudo isso, não é que o desafio deixa de existir, mas a gente lida com isso de forma um pouco mais leve”, afirmou.
Por Giovani Ciquelero
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