O embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, esteve na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) nesta sexta-feira (22). Na visita ao Câmpus de Irati, ele conheceu a proposta de implementação do curso de graduação à distância em Letras Português-Ucraniano, além dos projetos desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos Eslavos (Nees) da Unicentro.
“É a nossa primeira visita ao Paraná e é um privilégio estar aqui conversando com professores, representantes e sentindo o pulso dessa comunidade, pois é uma das poucas universidades que eu pude visitar, até agora, como embaixador”, enfatiza Melnyk, que assumiu o cargo no final do ano passado.
A delegação foi recepcionada pela Direção de Câmpus e pelo Escritório de Relações Internacionais (ERI). A reunião também contou com a participação de pesquisadores do Nees e do Programa Paranaense de Acolhida aos Cientistas Ucranianos, além de membros da comunidade ucraniana-brasileira.
Para a coordenadora de Relações Internacionais da Unicentro, professora Cibele Krause Lemke, esse primeiro contato com o diplomata pode estreitar os laços de cooperação entre Brasil e Ucrânia. “Sobretudo pensando nos nossos projetos que já temos com as universidades ucranianas. Nós aguardamos ansiosamente a implantação do curso de Letras Português-Ucraniano à distância. É um curso que já tem a sua proposta pronta e que já está tramitando internamente”, afirma.
Andrii Melnyk salientou total apoio à implementação do curso e se colocou à disposição para atuar politicamente neste processo. (Foto: Coorc)
Primeira graduação em Letras Português-Ucraniano no Brasil
Inédito no Brasil, a Unicentro pode ser pioneira na oferta de uma graduação em Letras Português-Ucraniano. Segundo a professora Regina Chicoski, presidente da comissão de elaboração do curso, a expectativa é de ter a primeira turma ainda em 2025. “É um projeto de longo prazo. O curso está passando pelos conselhos e também dependemos do edital da Capes para ser aprovado. Ele será à distância, justamente para tentar abarcar pessoas de qualquer estado, de qualquer local. E nossos cursos de extensão em língua ucraniana já demonstram que temos esse potencial de ter alunos de vários estados brasileiros”, detalha a docente.
Ela ainda reforça que a graduação não será exclusiva para quem já tem domínio ou conhecimento da língua ucraniana. “Quem não sabe ucraniano vai conseguir aprender. A gente brinca que o 1º ano será para alfabetizar, vamos ensinar tudo desde o alfabeto. E quem já é falante, já lê e entende o idioma, poderá eliminar algumas disciplinas iniciais através do teste de suficiência”, explica.
Além de apresentar a proposta, Regina levou algumas demandas da universidade para a implementação do curso, como o contato com professores ucranianos e a indicação de materiais bibliográficos do país para o ensino da língua.
Apoio da embaixada
Na reunião, Andrii Melnyk salientou total apoio à implementação do curso e se colocou à disposição para atuar politicamente neste processo. “É importante ver que existe aqui essa ambição de ir mais longe e tentar construir algo, quase do início, que pode ser a base para o futuro das relações brasileiras e ucranianas. Isso vai ser um projeto piloto em muitas formas e, se formos bem sucedidos, Irati vai ser o centro dos estudos ucranianos no país, o que terá efeito nas outras universidades também”, avalia.
A valorização do ensino da língua ucraniana em uma universidade localizada em uma região de grande concentração de descendentes também foi mencionada pelo embaixador. “O Brasil tem essa grande comunidade de cidadãos brasileiros com o coração ucraniano e tradições ucranianas. Então é por isso que eu espero que, quando esse projeto começar, ele seja bem sucedido. Queremos dar suporte e mostrar que essas pessoas são importantes para nós, porque cada brasileiro de origem ucraniana é também um tipo de embaixador aqui”.
Por Paula Claro
