O novo prédio do Centro de Documentação e Memória do Câmpus de Irati (Cedoc/I) passa a contar agora com uma galeria de fotos de faxinais de cidades da região centro-sul do Paraná. As imagens foram produzidas pelo Laboratório de Povos Eslavos e Faxinais (Lapef), que desenvolve diversos projetos voltados aos modos de vida e à paisagem faxinalense desde 2006.
Segundo a diretora do Cedoc, professora Méri Frotscher Kramer, a exposição também é uma forma de homenagear o professor José Adilçon Campigoto, coordenador do Lapef, que vai se aposentar da Unicentro no início do próximo ano. “É mais um gesto simbólico de homenagem a esse trabalho, que é muito bonito e muito relevante, sobre os modos de vida dessas populações, e que fez da própria paisagem da região um objeto de estudo”, pontua.
Como explica o professor Campigoto, apesar da ligação do nome com o sistema de criadouros comunitários cercados, o faxinal é na verdade um tipo de vegetação, uma paisagem de transição entre as florestas de araucárias e os campos abertos. “O criadouro comum é um tipo de organização coletiva dos moradores desses faxinais, para aproveitar áreas para criação de animais. Cada vizinho cerca a sua parte formando um grande cercado e ali dentro são criados os animais. O que é muito interessante, porque gera uma cultura própria, uma cultura mais coletiva, mais comunitária”, complementa.
Além dos registros que compõem a galeria, o centro também recebeu uma cópia do acervo com mais de 15 mil fotografias, entrevistas e outros materiais coletados pelo Lapef, e que futuramente também vai estar disponível para consulta pública. “A princípio foi feita uma organização prévia, a partir dos próprios projetos, e agora vai começar um trabalho mais detalhado mesmo, porque o volume é muito grande, para que a gente possa fazer um catálogo e para que outras pessoas possam ter acesso”, afirma a diretora do Cedoc.
Depois de quase 18 anos dedicado à área, o professor Campigoto afirma que fica muito feliz com a continuidade do trabalho não só no Lapef, mas também no Cedoc. Para ele, é fundamental destacar o valor histórico dos faxinais e, especificamente, dos criadouros comuns cercados, que não existem em nenhuma outra região do Brasil. “O material bruto está aí, há um trabalho iniciado, espero que as pessoas se interessem, deem continuidade a essa pesquisa e que continuem valorizando esse tipo de coisa que é nossa, que é coisa aqui do Paraná, que é muito pouco conhecida e que também, se não for trabalhada, vai se perdendo na memória”, ressalta o professor.