Tom Wolfe, ícone do jornalismo e autor do livro que deu origem a Os Eleitos, morre aos 88 anos

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Tom Wolfe, ícone do jornalismo e autor do livro que deu origem a Os Eleitos, morre aos 88 anos


O escritor foi um dos criadores do Novo Jornalismo, cobrindo pautas que abrangiam de experimentos com LSD a astronautas

por Rolling Stone EUA
15 de Maio de 2018 às 16:04

Tom Wolfe, jornalista que conseguia, de maneira brilhante, captar a subcultura presente nas vidas norte-americanas e transformá-las em uma prosa eletrizante, morreu na última segunda, 14, aos 88 anos, em um hospital em Nova York. A morte do autor foi confirmada pela agente dele, Lynn Nesbit. Segundo ela, Wolfe havia sido hospitalizado devido a uma infecção não especificada.

Começando como repórter no fim dos anos 1950, Wolfe desenvolveu rapidamente um estilo de não ficção, doutrinado com base na literatura. Com textos dinâmicos e focados nos personagens, ele ajudou a originar o movimento chamado de Novo Jornalismo. Fosse perfilando autores como Ken Kesey (Um Estranho no Ninho) e suas aventuras hippies, ou os primeiros astronautas norte-americanos, Wolfe exibia um dom para contar histórias detalhadas de maneira cativante. Colocando à prova todo o talento jornalístico que tinha, escreveu A Fogueira das Vaidades, livro lançado em 1987, que compunha um retrato totalmente envolvente da Nova York dos anos 1980.

A presença do jornalista era tão marcante quanto a própria escrita que criou, sempre aparecendo em público vestindo aquilo que viria a ser uma marca registrada: um traje composto por três peças brancas, e um chapéu no estilo aristocrata. “Nunca tente se encaixar. É pura estupidez”, ele disse uma vez. “Seja uma estranho e excêntrico. As pessoas te darão informação voluntariamente.”

Nascido Thomas Kennerly Wolfe Jr., em março de 1931, cresceu na cidade de Richmond, no estado de Virgínia, mantendo durante a vida toda o sotaque sulista. Frequentou a Universidade Washington e Lee, na qual estudou Literatura, e recebeu o doutorado através da Universidade de Yale.

O estilo que Wolfe usava, relatando os fatos através de um narrador diretamente inserido no acontecimento, resultava em digressões e enormes quantias de pontos de exclamação e itálico – que se tornaram marca registrada dos textos que viria a produzir, como o memorável The Electric Kool-Aid Acid Test, que não apenas serviu como um perfil de Ken Kesey, mas também como uma documentação da contracultura do LSD que vigorava na época. “Eu achava muito perigoso para arriscar”, ele contou em 2016, esclarecendo que não fazia uso da droga, e acrescentou que “eles também nunca me pressionaram”.

Ambicioso e criativo, o escritor vivenciou um sucesso atípico para jornalistas, fama que veio com a publicação de obras como The Right Stuff, de 1979 (que chegou a ser adaptado para o cinema, em 1983, pelo diretor Philip Kaufman no filme Os Eleitos), e Um Homem Por Inteiro, em 1998.

Dono de uma prosa vulcânica, caleidoscópica e vibrante, Tom Wolfe inspirou inúmeros escritores a deixarem de lado formalidades desnecessárias para acharem uma voz própria e, consequentemente, chegar à verdade do assunto que buscam retratar. “Muitas pessoas são ótimas escritoras de cartas”, ele explicou em 1975. “Mas as mesmas pessoas costumam travar quando escrevem algo que será publicado. Censuramos nossas emoções e nossas melhores frases para não revelarmos muito de nós mesmos. Eu simplesmente aprendi a não censurar as coisas que correm pela minha mente enquanto escrevo.”



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