Samantha!: nova série brasileira da Netflix aposta em humor ao mesmo tempo nostálgico e atual
Com Emanuelle Araújo, Douglas Silva, Daniel Furlan e Lorena Comparato no elenco, a produção conta a história de uma ex-celebridade mirim dos anos 1980 que quer voltar aos holofotes
por Igor Brunaldi
27 de Junho de 2018 às 18:08
Na próxima sexta, 6, estreia na Netflix Samantha!, terceira produção original brasileira do serviço de streaming, sucedendo 3% e O Mecanismo. Diferente das antecessoras, a nova série aposta no humor. E um humor que, sem deixar de lado algumas brasilidades, aposta no esquema tradicional de sitcoms para facilitar que a comédia tenha potencial de ser apreciada por qualquer um que esteja em algum dos outros 189 países em que será exibida.
Na última segunda, 25, a Netflix organizou um evento em São Paulo para divulgar a nova atração. Parte do elenco se reuniu e apresentou uma visão interna do projeto, discutindo e aprofundando temas abordados ao longo da primeira temporada.
A trama acompanha a protagonista homônima (interpretada com naturalidade por Emanuelle Araújo), uma ex-celebridade mirim que, durante os anos 1980, foi a criança mais amada do Brasil. Após entrar na adolescência e passar anos esquecida, Samantha decide colocar em prática planos atípicos para retomar a fama a qualquer custo. Para isso, ela conta com a ajuda de Marcinho (Daniel Furlan), seu empresário de longa data. As piadas e as situações que carregam o humor por vezes recuam para dar espaço e contar também uma história de reconciliação entre Samantha e Dodói (Douglas Silva), ex-jogador de futebol, marido e pai dos dois filhos dela, Brandon (Cauã Gonçalves) e Cindy (Sabrina Nonato). Dodói, que ficou preso por 12 anos, precisa mostrar que mudou, e que pode ser responsável pelos filhos e um bom companheiro.
A parcela do humor que é entregue através do fator nostalgia fica por conta da saudade que Samantha sente em relação à década de 1980, época em que ela apresentava um típico programa de auditório, com músicas sobre espaço sideral, dançarinas seminuas, banda e até um mascote irreverente chamado Zé Cigarrinho (Ary França), evidenciando toda uma era em que a televisão brasileira pouco se importava com o politicamente correto. Esse pé no passado é contraposto pela personagem hilária e caricata de Laila (Lorena Comparato), digital influencer que ilustra para Samantha o que significa ser famosa e relevante em 2018. Os próprios filhos da protagonista mostram ideologias e mudanças de postura que estão em alta nos dias atuais. Brandon é um menino sensível, escritor e pouco fã de esportes. Cindy é feminista e vegana, e, juntos, os dois ensinam aos pais como viver em uma época tão diferente daquela em que eles cresceram.
Sobre a construção da personagem, Emanuelle conta que não se privou a inspirar-se apenas em talentos mirins da TV, pois “Samantha fala de um universo, não só da televisão. Fala de comportamento”. Ela diz que, se pudesse ser alguma figura dos anos 1980, seria o Sidney Magal: “Eu me vestia igual a ele até os sete anos!”. Douglas Silva, que com ela cria o núcleo emocional da série, revela que usou a própria experiência como pai para criar seu personagem. “Tentei trazer para o papel esse meu lado paizão super protetor, para dar a entender que o Dodói quer fazer parte dessa família.
Os produtores da série, Felipe Braga e Rita Moraes, aproveitaram o evento para expor um pouco os maiores desafios da criação desse projeto. Apesar de ser a terceira série brasileira produzida pela Netflix, Samantha! é a primeira comédia. Muito mais que apenas escrever um roteiro que faça pessoas de diferentes culturas e nacionalidade rir, Braga conta que uma questão que exigiu muita reflexão da equipe toda foi “o que é fazer uma série de comédia na era do binge watching [maratonar]? Isso para a comédia especificamente é um desafio muito grande. Tradicionalmente esse gênero tende a não ter uma evolução de personagem”, diz. “É melhor falar de onde você está. Fica mais autêntico”, diz Rita sobre como abordaram o desafio de uma produção que será entregue para várias culturas. Segundo Rita, corre o risco de “ficar com a cara de ninguém”, se eles tentassem “desabrasileirar” o conteúdo. O segredo, para eles, foi trabalhar dentro de uma estrutura narrativa universal, mas com temas e características visuais brasileiros, balanceando a progressão emocional das relações entre os personagens e o alívio cômico de forma que seria possível para qualquer pessoa, independente da nacionalidade, se interessar e ser cativado pela história contada.
Assista ao trailer.