Rolling Stone · Bonecas pretas contemplam apenas 6% dos modelos no mercado, diz levantamento

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Pesquisa Cadê Nossa Boneca foi realizada em agosto de 2020 e revelou que o número de bonecas pretas caiu

O mercado de bonecas ainda não entendeu – ou simplesmente ignorou – o poder e necessidade da representatividade preta. Segundo o levantamento Cadê Nossa Boneca, da organização Avante – Educação e Mobilização Social, as bonecas negras representam apenas 6% do total de modelos fabricados no Brasil.

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A Avante fez o levantamento em agosto de 2020, considerando sites de comércio virtual de 14 dos 22 fabricantes de brinquedos ligados à Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) – isso porque os outros 8 sites não estavam funcionando plenamente.

De acordo com a pesquisa, dos 1093 modelos de bonecas dos 14 sites, apenas 70 eram pretas. Além disso, seis empresas pesquisadas não indicavam a fabricação desse produto. O estudo também revelou que, considerando os modelos das lojas online, 9% das bonecas são pretas.

Apesar da força de movimentos em luta por representatividade negra, o estudo indicou que a porcentagem de modelos disponíveis no mercado diminuiu. Em 2018, a fabricação de bonecas pretas representava 8% do total – número que agora é de 6%.

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O resultado do levantamento está muito longe da porcentagem da população negra brasileira, que no Brasil representa  56,1% do total, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

A importância da representatividade

Esses números indicam a pouca representatividade negra desde cedo, o que influencia negativamente o imaginário, a autoestima e o entendimento de beleza das crianças negras. Isso foi explicado por Ana Marcílio, psicóloga social e uma das idealizadoras da campanha Cadê Nossa Boneca, em matéria do site Bem Paraná:

“O impacto da boneca é esse. Da boneca preta também é esse. Imagina ter rastas, blacks, uma diversidade de cortes e penteados afro descendentes e africanos, diversos tipos de tranças, ter tudo isso em uma vitrine, uma vitrine toda diversificada. A criança vai querer ter aquele cabelo, vai achar aquele cabelo bonito”, disse Marcílio.

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Além disso, a escassez de bonecas negras no mercado reforça o preconceito e racismo, uma vez que o padrão “loiro, branco e olhos claros” é, muitas vezes, tido como regra. 

Um exemplo disso é a famosa linha de bonecas Barbie. A primeira Barbie estreou em 1959, e era branca. Apenas 20 anos depois, em 1980 foi lançado oficialmente o primeiro modelo negro. Contudo, até 2020, a linha não contava com uma coleção de bonecas somente negras.

Atualmente, a representatividade de bonecas Barbie, da Mattel, aumentou. Contudo, os números ainda são muito diferentes quando comparamos todos os fabricantes de bonecas brancas e negras – como apresentou o levantamento Cadê Nossa Boneca.

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Outro ponto de importante discussão é o acesso a essas bonecas pretas, que, segundo entrevista de Ana Marcílio para o site da IstoéDinheiro, são mais caras que as brancas, dificultando o acesso da população de renda mais baixa:

“Bonecos de bebês, geralmente, têm o mesmo valor. Mas, quando são bonecas com corpo de mulher, há um diferencial: as bonecas pretas são, em regra, itens de colecionador”, explicou.

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