Série brasileira estreou em novembro de 2019 e foi cancelada após uma temporada
A série brasileira Ninguém Tá Olhando, do diretor Daniel Rezende, venceu o Emmy Internacional na categoria Melhor Comédia. O anúncio – que vai contra o cancelamento precoce feito pela Netflix – foi feito nesta segunda, 23, no perfil oficial da premiação nas redes sociais.
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A comédia estreou em novembro de 2019 e acompanha os Angelus, criaturas aladas que têm a missão de ajudar os humanos na Terra. Na série, um novo Angelus chamado Uli (Victor Lamoglia) começa a questionar as ordens arbitrárias do chefe e acaba se rebelando. O personagem é orientado pelos seres veteranos Greta (Júlia Rabello) e Chun (Danilo de Moura).
Além disso, a produção conta com Kéfera, humana que Uli se aproxima na trama. Apesar do sucesso, Ninguém Tá Olhando foi cancelado pela Netflix após a primeira temporada – o que pode ser novamente questionado após a vitória da série no Emmy Internacional. Mais do que isso, a produção tem diversas sacadas brilhantes que merecem ser abordadas.
Por isso, a Rolling Stone Brasil separou os 4 motivos para acreditar que Ninguém Tá Olhando mereceu o Emmy Internacional de Melhor Comédia.
Perspectiva genial
Produções sobre anjos não são novidade na televisão ou streaming, pois já existem várias séries que abordam entidades que vivem no mundo dos humanos. Contudo, Ninguém Tá Olhando inovou brilhantemente.
A produção acompanha os Angelus na missão de ajudar os humanos, e apresenta como eles fazem a diferença no dia-a-dia (pelo menos na maioria das vezes). No entanto, o trabalho brilhante desses seres não é perfeito – muito pelo contrário.
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O corporativismo do Sistema Angelus representa uma ordem antiquada e conservadora que acabar por ser desafiada pelo novo Angelus Uli. Afinal, por que não retratar seres alados se rebelando contra a burocracia? Tal perspectiva, realizada a partir do descontentamento de Uli, é de uma criatividade incrível – e isso certamente foi considerado para a vitória no Emmy Internacional.
Fuga do padrão
Além da comédia divertidíssima, Ninguém tá Olhando traz ensinamentos e reflexões necessárias, além de atuais. Uma das principais questões abordadas é a fuga dos padrões. Talvez seja possível resumir em uma pergunta: Vale a pena seguir as regras?
Analisando mais profundamente, a série possibilita debates essenciais sobre o status quo, o corporativismo, autenticidade e a imprevisibilidade do mundo. Ninguém Tá Olhando também mostra que se posicionar contra as regras é uma ruptura feroz e difícil.
Sem americanismos
A série brasileira não tenta imitar a receita das produções norte-americanas para o sucesso: ela é autêntica. Por conter piadas e situações vivenciadas no cotidiano dos brasileiros, Ninguém Tá Olhando também facilita a identificação dos espectadores.
Além disso, tal criatividade inclui a apresentação de vários pontos do Rio de Janeiro, cidade na qual a trama se passa (pelo menos no mundo dos seres-humanos) – e não se trata de locais turísticos. A produção retrata o famoso vira-lata caramelo, os grafites nas ruas e cenários que remetem diretamente à vida dos brasileiros – sem padrões estéticos do exterior.
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Trama instigante
Apesar de se tratar de uma comédia leve com uma narrativa divertida, a trama de Ninguém Tá Olhando funciona em uma crescente considerável que pode ser acompanhada até o final do último episódio da temporada.
A narrativa não fica cansativa ou monótona – a cada episódio que passa, dá vontade de saber o que Uli vai fazer para ir contra o Sistema Angelus. É interessante também como as atitudes dos Angelus veteranos mudam, refletindo um arco bem pensado para os personagens (mesmo que com altos e baixos).
A cada capítulo, Ninguém Tá Olhando oferece uma nova reflexão, e um problema inédito que precisará ser solucionado pelos personagens – e a série termina com uma enxurrada de reviravoltas.
Agora, só resta à Netflix repensar o cancelamento da produção para que os espectadores matem a curiosidade sobre os acontecimentos finais.
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