Lollapalooza: Com sucessos do White Stripes e música dedicada à filha, Jack White encerra o festival

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Lollapalooza: Com sucessos do White Stripes e música dedicada à filha, Jack White encerra o festival


Chromeo, Portugal. The Man e The Vaccines também fizeram parte do último dia do evento

por Igor Brunaldi, de Chicago
6 de Ago. de 2018 às 21:02

O último dia de Lolla Chicago amanheceu chuvoso e nublado, mas não demorou muito para o sol virar o jogo e, novamente, se posicionar imponente no céu.

Jack White foi o responsável por finalizar a última data do festival. Simpático, falante e sempre preocupado em verificar se o público ainda estava interessado e curtindo o show, o músico se impôs no palco como um professor. Percorrendo entre o bom e velho rock and roll das clássicas “Seven Nation Army”, “Icky Thump” e “Steady, as She Goes”, do White Stripes (todas carregadas de guitarras distorcidas e riffs que ficam na cabeça), e também as recentes e muito mais experimentais “Over and Over and Over”, “Respect Commander” e “Corporation”, presentes no disco Boarding House Reach.

Entre uma música e outra, ele buscava entreter os fãs com piadas, ou histórias de como compôs a canção que havia acabado de cantar ou a que cantaria a seguir. Em um certo intervalo, após substituir sua guitarra por um violão, ele disse que não sabia porque o haviam chamado para tocar novamente no Lolla. “A última vez que me apresentei aqui, eu quebrei tudo no camarim”, e, esperando as risadas cessarem, completou: “Lembro também que minha filha estava comigo, e um pouco antes de eu subir ao palco, ela me segurou, passou algum tempo mexendo na bolsa que carregava e me entregou essa palheta. Queria dedicar esta música a ela”, e começou “We Are Going To Be Friends”.

Acompanhado por uma banda igualmente talentosa (que ele apresentou com muito carinho e orgulho ao público), e um arsenal de instrumentos e pedais (como por exemplo três microfones com efeitos variados), o veterano fez provavelmente a apresentação mais popular entre o público mais velho que compareceu ao evento.

Em contraponto a toda a falação de Jack White, o Portugal. The Man, que subiu ao palco um pouco mais cedo, quase não se comunicou verbalmente com os fãs, a não ser por eventuais agradecimentos. A estratégia escolhida pela banda foi outra: além de animações em 3D e 2D, o telão exibia mensagens para o público. Desde frases hilárias como “nós somos o PTM. Apenas verificando se vocês estão no show certo”, ou “estão preparados para aquele cara velho que costumava tocar no White Stripes?”, até citações de Malcom X sobre o impacto que a opinião dos jornais manipuladores pode ter sobre os leitores.

Quanto à apresentação, o grupo, formado no Alasca, deu uma lição de autenticidade e habilidade musical, com um show inquieto, energético e repleto de referências. Sem parar entre uma músicas, a banda tocou “Purple Yellow Red and Blue”, “Modern Jesus”, “Hip Hop Kids”, “All The Lights” e o fenômeno lançado ano passado “Feel It Still”, além de covers de “Another Brick in the Wall pt.2”, do Pink Floyd e “For Whom the Bell Tolls”, do Metallica, mostrando possuem muito mais força e potência do que aparentam nas gravações.
O duo Chromeo também se apresentou no domingo, em um dos maiores palcos do festival. A estética do show e a presença dos dois integrantes refletiu de forma exata a sonoridade que eles carregam. Com um cenário totalmente cromado e simétrico (acomodando cada um deles e seus respectivos instrumentos também cromados em cada uma das extremidades), David “Dave 1” Macklovitch e Patrick “P-Thugg” Gemayel levaram aos fãs, de forma impecável, o electro-funk pelo qual são conhecidos, provando que não são necessários vários membros para que o palco transmita pareça ocupado por vários músicos.

Apesar de estar na ativa há quase uma década (e de seus integrantes já não aparentarem a jovialidade de quando começaram), a banda The Vaccines não parece buscar uma evolução e um amadurecimento sonoro. Mesmo tendo chegado à casa dos 30 anos, o vocalista Justin Young ainda compõe e apresenta nos shows o mesmo indie rock com letras “despretensiosas” que trouxe fama ao grupo. Sua postura de garoto marrento não condiz mais com quem ele realmente é, e os fãs parecem estar começando a perceber.

O primeiro dia em Chicago sem Lollapalooza amanheceu chuvoso, e assim ficou, por grande parte de suas 24 horas.



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