Living Colour: três décadas depois e ainda com a energia de um grupo de adolescentes
Banda relembrou o disco de estreia, Vivid (1988), em show lotado em São Paulo
por Maria Fernanda Menezes
12 de Maio de 2018 às 14:43
Quase exatos trinta anos depois de lançar o sensacional disco de estreia Vivid (1988), e após garantir um lugar na lista de preferidos dos fãs de rock de todo o mundo com um metal funk da melhor qualidade, o Living Colour só melhora.
Ao assisti-lo ao vivo no show lotado realizado no Tropical Butantã, em São Paulo, na noite da última sexta, 11, não é exagero dizer que o vocalista Corey Glover está cantando como sempre – há 30 anos que ele parece um adolescente no palco. Glover canta as diferenças sociais, os modismos das gerações, as tragédias que assolam os Estados Unidos e conflitos pessoais com a mesma energia de quem há três décadas apareceu ao mundo com “Cult of Personality”, faixa que critica a necessidade das pessoas de ter um ídolo, seja lá quem for. Ainda assim, os bons ídolos da música têm lugar cativo no set da banda, que em outras vindas ao país incluiu músicas do Deep Purple e do Van Halen, para citar poucos, na lista de canções executadas.
Só de ouvir a cover do pai do blues, Robert Johnson (“Preachin’ Blues”, que o LC gravou no álbum Shade), o público já sentiu tudo que poderia esperar dali em diante – o guitarrista Vernon Reid e seus timbres mágicos, Doug Wimbish costurando as melodias com maestria e Will Calhoun em mais uma noite inspirada atrás da bateria. Depois ainda vieram “Middle Man” (a primeira de Vivid a aparecer no show), “Desperate People”, “F.O.X.” e “Funny Vibe”.
Em uma rara execução ao vivo, “Wall” veio antes de “Ignorance Is Bliss” e de outras duas covers, “Memories Can’t Wait”, do Talking Heads, e “Who Shot Ya?”, de Notorious B.I.G. A saraivada de hits que entremeou os solos de Wimbish e Calhoun – “Open Letter (To a Landlord)”, “Glamour Boys”, “Love Rears its Ugly Head”, “Type”, “Cult of Personality” e “Time’s Up” – teve a companhia de outro Robert que também é um grande ídolo, Robert Plant, com o hino “Rock and Roll”, do Led Zeppelin, encantando já na reta final da apresentação.