Caetano Veloso e filhos divulgam o trabalho Ofertório

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Caetano Veloso e filhos divulgam o trabalho Ofertório


“Eles é que me colocam no trilho. Eu aprendo mais com os três do que ensino”, disse o músico em coletiva

por Paulo Cavalcanti
23 de Maio de 2018 às 18:11

Caetano Veloso e o filho, Zeca, receberam jornalistas na noite da última terça, 22, em São Paulo, para falar sobre Ofertório, projeto que o artista baiano realizou ao lado dos rebentos no ano passado. Caetano estava bem-humorado, com o espírito leve. Por cerca de meia hora, ele e Zeca falaram apenas sobre música, evitando polêmicas e opiniões sobre política. Antes disso, pai e filho, munidos de violões, apresentaram três canções do trabalho.

Ofertório traz uma perfomance dos Veloso gravada no Theatro Net São Paulo. Trata-se de uma síntese das inúmeras influências que Caetano acumulou ao longo de sua extensa carreira somada ao frescor e as novas ideias trazidas por Zeca, Moreno e Tom Veloso. É um trabalho totalmente acústico, com ênfase no samba e nas matizes da música baiana. Um dos pontos altos é a harmonização vocal dos quatro participantes. Os filhos de Caetano têm um timbre similar ao do pai e o resultado é de uma beleza extrema. Segundo Zeca, a família alcançou uma unidade musical bem interessante. “Nós nos tornamos uma pequena banda. Eu nunca me considerei um músico profissional, mas agora, além do violão, estou me virando também no contrabaixo e no piano.”

Na tracklist de Ofertório estão um ou outro clássico do repertório de Caetano, como “O Leãozinho” e “Alegria Alegria”, e algumas obscuridades do naipe de “Trem das Cores”, que ele fez em homenagem a Sonia Braga, que foi namorada dele. Mas a maior parte do espetáculo é feita de canções novas, como o hit “Todo Homem’ (de Zeca Veloso), “Ninguém Viu” e “Clarão”. Caetano ficou feliz com a boa recepção. “Não sabíamos se o público iria gostar de um show com tantas canções inéditas e pouco conhecidas”, disse. “Tocamos apenas o que é nosso. Ao longo das temporadas, também fizemos algumas mudanças na apresentação para ver o que funcionava mais. Mas todo mundo, principalmente o Moreno e o Tom, estavam bem confiantes”.

Mesmo estando tranquilo, Caetano não deixou de dar algumas alfinetadas (mas com humor.) O alvo da vez foi Kanye West. Caetano disse que, para formatar a performance, ele e os filhos ouviram muitas coisas do pop e do R&B. Ele explicou que, nesse processo, se debruçou sobre a obra de West e que gosta dele, mas realçou que o polêmico rapper deveria restringir sua energia à música. “Ele é inovador, experimental. Mas quando abre a boca, já viu. Fala muita bobagem”, divertiu-se. Para quem não acompanhou, o rapper apoiou presidente norte-americano Donald Trump e deu uma declaração recente “defendendo” que a escravidão foi uma escolha.

Caetano contou que o filho Zeca é bem aberto musicalmente. “Eu gosto muito de sertanejo, funk e outros estilo populares. Ouço muito R&B, é uma música que tem muita vitalidade.” Ele também explicou que Djavan foi outra grande influência na sonoridade do show e que, como Zeca é fã de funk nacional, aproveitou para reforçar seu perene interesse pelo estilo. Isso está mais bem exemplificado na faixa inédita “Alexandrino”. “Nessa linha dançante, eu prefiro o que é feito aqui. Para mim, Anitta e Ludmila são muito mais instigantes do que, vamos dizer, a Rihanna.”

O músico esclarece que o tom plácido e melodioso da apresentação é também um reflexo da convivência do patriarca e seu clã fora do palco. “Nunca brigamos”, ele fala com sinceridade. “Eles é que me colocam no trilho. Eu aprendo mais com os três do que ensino. Somos uma família original, mas também bem feliz.” O show de Ofertório será apresentado no Espaço das Américas em São Paulo, nesta sexta, 25, e sábado, 26.



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