A Última Palavra: Questlove

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A Última Palavra: Questlove


Baterista do The Roots fala sobre seguir lições do pai, “síndrome de impostor” e superar “momentos torta na cara”

por Jason Newman

Quem são seus heróis?
Meu pai [o cantor de doo-wop Lee Andrews] me ensinou tudo o que sei sobre a indústria da música, mas se você está falando de quem admiro e idolatro na minha vida cotidiana o Pai é Don Cornelius, o Filho é Prince e o Espírito Santo é Michael Jackson. A primeira coisa que faço toda manhã é ver um episódio de Soul Train. Por quê? Não sei. Porque posso. Sempre há alguma surpresa do Prince por aí. E as últimas três entrevistas no meu podcast são fortemente relacionadas com Jackson.

Qual é o melhor conselho que já recebeu?
Meu pai sempre foi um bandleader rigoroso e disciplinador quando se tratava de manter a coisa funcionando. Isso me marcou. De alguma forma, virei ele, especialmente com o Roots. Ele também sempre dizia que eles não podem te pegar se não podem te culpar de nada. Acho que é provavelmente por isso que não bebo.

Que conselho daria a um Questlove adolescente?
Se o Questlove pudesse voltar no tempo e dizer ao meu eu de 19 anos que estaria prestes a enfrentar a batalha de 25 anos mais difícil de sua vida, ele continuaria na luta? [Ao longo dos anos] tive ataques de pânico por causa de [outras pessoas ganharem] capas desmerecidas da Rolling Stone. Dei piti, joguei copos. Desisti muitas vezes, mas sempre havia a esperança de que, um dia, chegaria lá. Pulei no rio e havia piranhas e tubarões, mas, até onde sei, estou 150 metros à frente deles.

Seu novo livro, Creative Quest, é um “livro de autoajuda para quem faz música e arte”, como descreveu. Nele, há um capítulo sobre lidar com o fracasso. Por quê?
Houve muitos momentos torta na cara. “Ah, você é o Questlove e é um ícone e todos te amam”, mas choro com resenhas de discos e fiz projetos horríveis. É importante que as pessoas saibam.

Você sofre de “síndrome de impostor”?
Todos os dias da minha vida. Tentei explicar para a minha namorada recentemente: “Olha, algumas pessoas neste mundo me consideram o Superman, mas você está com o Clark Kent”. Muitos de nós somos assim. O motivo para existirem guarda-costas e ambientes vip é principalmente porque muitas celebridades não querem que você saiba o quanto elas são comuns e normais. Prefiro acabar com todas as expectativas e te mostrar desde o começo que não tenho nada de super.

Quais são as regras mais importantes para seguir na vida.
Pare de atrapalhar você mesmo. Quando escrevo sobre isso, tento explicar estar no estado alfa em que você faz as coisas tão naturalmente que não pensa demais nisso. Sei que pareço aquele cara estranho para quem sempre revirei os olhos, mas meus colegas pensam demais nas coisas e me ligam às 4h dizendo: “Não consigo!” O pânico é o modo normal das pessoas. Elas não confiam na Força. Fico espantado por “Get Out of Your Own Way”, do U2, não ter feito mais sucesso.

Você escreve que sua reação ao ver a inovação criativa de outra pessoa é ser “tomado por uma espécie de paralisia”. Qual foi a última coisa que te fez congelar?
[Dave] Chappelle fez um show particular de quatro horas no clube de comédia Comedy Store no NBA All-Star Weekend. Ele está em sua fase “free jazz do [John] Coltrane de meados dos anos 1960”. Especialmente agora, quando as pessoas acham parte da obra dele problemática. Ver Chappelle ter tanta confiança… ele passou 30 minutos falando sobre suco de abóbora. Trinta minutos! Fico totalmente maravilhado com qualquer um que seja tão confiante na ciência de seu trabalho. Ele sabe que é uma mistura de Mel Blanc com Richard Pryor. É hipnotizante.

O que te levou a tocar sets de horas como DJ?
Existe muito tédio na estrada quando você sai do palco à meia-noite e há garotas e tequila ali. Então, garanti que teria algo para fazer entre 0h30 e 4h. Não quero começar a usar cocaína. Ser DJ era a minha cocaína.

Quão longe você acha que o Roots teria ido se tivesse mantido o nome original, Black to the Future?
[Risos] Nada longe. Um álbum e acabou. Esses [tipos de] nomes de banda nunca… pois é. Só que [algum colecionador] teria pago US$ 500 por aquele único disco.



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