A maturidade da Catavento e o desafio da psicodelia compreensível

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Por Igor Brunaldi

Em 3 de agosto, a banda Catavento lançou, com o apoio do projeto Natura Musical, o terceiro disco de sua carreira, intitulado Ansiedade na CIdade.

Para qualquer um que já ouviu os lançamentos anteriores da banda nascida em Caxias do Sul, é impossível não notar a maturidade sonora que veio com o novo álbum e com a adição de dois novos integrantes, fato que agora os classifica oficialmente como um septeto. Formada originalmente por Leonardo Lucena (vocal, guitarra e baixo), Leonardo Sandi (vocal, guitarra e teclado aika), Eduardo Panozzo (baixo, guitarra e vocal), Johnny Boaventura (vocal, piano elétrico e teclados) e Lucas Bustince (bateria e percussão), o grupo agora conta também com Francisco Maffei (samples, sintetizadores, guitarras e vozes), que antes atuava como produtor, e Jonas Bustince (percussão e bateria), que colaborava na função de booker.

Ansiedade na Cidade reflete o trabalho de uma banda já conhecida por explorar possibilidade inusitadas em seu som (como uma boa psicodelia deve fazer), e o acréscimo de mais dois membros parece ter expandido ainda mais esse número de variáveis possíveis. Longe de ter sido uma bagunça, Sandi contou, em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, que esse foi o primeiro disco a seguir algo como um método de produção e com maior organização, mas sem perder a espontaneidade e a pegada de jam que permeiam os discos anteriores. “Também começamos a tocar de forma mais descompromissada, sem aquela pressão tipo ‘tá, vamos sentar e gravar’, e isso ajudou muito no surgimento dos novos sons”, disse o vocalista.

Claramente sem a necessidade de provar habilidade e criatividade para ninguém, a Catavento deixa transparecer nas dez novas composições presentes no álbum, a postura madura mencionada anteriormente. E é importante notar que neste caso, maturidade não veio para obstruir o fluxo contínuo da loucura. Sandi explica que “nosso som sempre foi bastante barulhento, carregando a pegada do noise, com muito eco nas guitarras e efeito na voz. Não que a gente quisesse fugir disso, mas, para o CD novo, a gente pensou em como poderíamos aproximar mais a galera do nosso som”. Segundo ele, essa reflexão veio a partir da ideia de “fazer eles [os fãs] entenderem mais o que a gente quer dizer. Principalmente em show, a gente sempre foi muito conhecido pela doideira do som, se jogando no chão, e essa foi a forma como a gente escolheu se relacionar com o público. Agora fomos mais pra um outro lado.”

Além da própria compreensão do vocal, e com esse objetivo de facilitar o entendimento da mensagem a ser transmitida, outra notável mudança que veio com Ansiedade na Cidade é a língua predominante nas canções. Anteriormente, os discos traziam em grande maioria faixas compostas em inglês, com exceção de uma ou outra, e isso foi invertido. “Foi uma escolha para ficarmos mais perto de quem ouve a gente”, contou Sandi.

Apesar do espaço de dois anos entre cada disco (Los Youth Against the Rush foi lançado em 2014 e Chá em 2016), ele afirmou também que todos os integrantes concordam que isso pode ser tempo demais. “Hoje a gente vê que é muito possível fazer como o King Gizzard & The Lizard Wizard [banda norte-americana que lançou cinco discos em 2017). Ansiedade na Cidade, desde o momento de pré-produção até o lançamento foram seis meses”, e garante que “essa ideia de fazer em dois anos a gente não quer mais”.

O disco está disponível nas principais plataformas de streaming.

Veja abaixo também o álbum visual, dirigido por Breno Dallas e Saimon C. Fortuna.



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