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Venezuela: nova manifestação reúne oposição e chavistas sob forte tensão
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Policiais venezuelanos protegem a saída de um dos 24 Comitês Centrais Eleitorais, durante nova manifestação desta quarta-feira (7) em San Cristobal.
REUTERS/Carlos Eduardo Ramirez
A oposição venezuelana e apoiadores do governo fizeram novos protestos nesta quarta-feira (7) nas principais cidades do país em mais uma demonstração do conflito social envolvendo o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.
Com bandeiras da Venezuela, opositores e chavistas se encontraram nas ruas das 24 sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que amanheceram fechadas e fortemente protegidas pela polícia. Em Los Teques, a 30 km de Caracas, aproximadamente 1,5 mil manifestantes de um e do outro lado se reuniram separados por apenas um quarteirão e divididos por uma grade metálica e filas de policiais. Não houve incidentes até o momento, segundo a agência AFP, presente no local.
"Temos que fazer algo, o voto e o protesto pacífico são as únicas armas que temos. O governo controla quase todos os poderes e não faz mais do que inventar para evitar o revogatório", afirmou Rosmina Castillo, de 52 anos.
Em Caracas, os opositores e chavistas se concentraram em algumas praças e parques. "Estamos aqui defendendo a revolução do ataque da direita apátrida. Firmes com Maduro", declarou Alexander Rangel, um trabalhador da empresa estatal de petróleo, na Praça Venezuela. Às 12h locais (13h, no horário de Brasília), o hino foi cantado na Praça Brión, na região leste, onde os opositores se concentraram.
Tensão entre “Constituição” e “golpe de estado”
"Exigimos que se cumpra a Constituição, temos direito ao referendo", declarou o porta-voz da opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD), Jesús Torrealba. A oposição exigirá do CNE, que acusa de ser aliado do governo, que acelere o referendo revogatório contra o presidente venezuelano. Ao mesmo tempo, Maduro acusa os opositores de buscarem a violência e um golpe de Estado.
A MUD, da oposição, considera o referendo uma "válvula de escape" ao mal-estar e angústia dos venezuelanos com a escassez de quase 80% dos alimentos e remédios, assim como pela maior inflação do mundo, que o FMI projeta em 720% para este ano.
Maduro, que segundo pesquisas privadas possui uma impopularidade de aproximadamente 75%, atribui a crise à queda dos preços do petróleo e ao que chama de "guerra" econômica de empresários e políticos que, segundo ele, pretendem instalar um governo neoliberal fiel aos Estados Unidos, após 18 anos.
A MUD acusa o CNE de adiar o processo para que o governo ganhe tempo: se o referendo acontecer até 10 de janeiro de 2017 e Maduro perder, novas eleições presidenciais serão convocadas; caso a votação aconteça depois desta data, mesmo que o mandato seja revogado ele será substituído por seu vice-presidente.
O governo afirma que não acontecerá um referendo em 2016 porque a oposição iniciou os procedimentos de maneira tardia, por conta de conflitos internos. Para acelerar o processo, a oposição exige que o CNE fixe a data e as condições para a coleta de quatro milhões de assinaturas (20% do padrão eleitoral), necessárias para que o referendo revogatório seja convocado.
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Fonte: Rádio França Internacional