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Na ONU, Temer diz que impeachment foi exemplo de democracia ao mundo
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Presidente do Brasil, Michel Temer, discursa na 71ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 20 de setembro de 2016
REUTERS/Carlo Allegri
Nesta terça-feira (20), em Nova York, o presidente do Brasil, Michel Temer, discursou na 71ª Assembleia Geral da ONU. Durante quase 21 minutos ele abordou os grandes desafios globais, relembrou a importância de uma reforma da ONU, criticou o protecionismo agrícola e terminou afirmando que o Brasil acaba de viver um processo democrático exemplar.
Michel Temer deixou para abordar a crise política brasileira no final do seu primeiro discurso diante da Assembleia Geral da ONU: "Trago às Nações Unidas uma mensagem de compromisso inegociável com a democracia. O Brasil acaba de atravessar um processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira que culminou em um impedimento.Tudo transcorreu, devo ressaltar, dentro do mais absoluto respeito constitucional. O fato de termos dado esse exemplo ao mundo, verifica que não há democracia sem Estado de direito, sem que se aplique a todos, inclusive aos mais poderosos; é o que o Brasil mostra ao mundo", disse Temer, lembrando que o Brasil passa por um processo de depuração de seu sistema político em que as instituições cumprem seu dever. Ele também ressaltou que "não prevalecem vontades isoladas, mas a força das instituições sob o olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa livre" e firmou a confiança na retomada do crescimente econômico do país.
"O Brasil é obra de imigrantes", diz Temer
Temer abriu a fala acentuando a importância da ONU em um tempo de conflitos internos e da ameaça extremista. Em seguida, deu uma pincelada nas principais questões internacionais, como o recrudescimento do terrorismo, o aumento da xenofobia e a falta de avanço no problema do desarmamento nuclear, inclusive citando os testes da Coreia do Norte, a guerra na Síria, o tráfico de armas e de drogas, entre outras ameaças globais. Ele confirmou a posição brasileira no conflito israelo-palestino com a criação de dois Estados.
A tragédia dos refugiados, "vítimas da pobreza, da guerra, da repressão política" voltou à tona, com a lembrança de que "o Brasil é obra de imigrantes, homens e mulheres de todos os continentes".
Uma ONU mais ativa e menos observadora
Sobre as Nações Unidas, ele cobrou uma postura mais ativa da instituição: "Queremos uma ONU de resultados, capaz de enfrentar os grandes desafios dos nossos tempos. Não podemos ficar confinados por essas salas e corredores. Antes deve, quem sabe, projetar-se nos mercados de Cabul, nas ruas de Paris, nas ruínas de Alepo. Não podem resumir-se a um posto de observação", criticou Temer.
"Os semeadores de conflitos se reinventaram, as instituições multilaterais, não. O Brasil vem alertando há décadas que é fundamental tornar mais representativas as estruturas de governança global, muitas delas envelhecidas, desconectadas da realidade. Há que reformar o Conselho de Segurança da ONU e continuaremos a colaborar para a superação do impasse em torno desse tema", afirmou.
Protecionismo, a pedra no sapato do Brasil
Michel Temer também denunciou o protecionismo agrícola que prejudica o Brasil, argumentando que é uma perversa barreira ao desenvolvimento, que tira postos de trabalho e faz de homens e mulheres de todo o país vitimas do emprego e desesperança. "O sistema multilateral de comércio é parte da luta contra esse mal, e o fim do protecionismo agricola é de particular importância contra o desenvolvimento; não podemos adiar o resgate do passivo da OMC em agricultura, é urgente impedir que medidas sanitárias e fitossanitárias sejam utilizadas para fins protecionistas", disse, observando que é urgente disciplinar subsídios e outras políticas distorsivas de apoio doméstico no setor agrícola.
No plano bilateral, Temer relembrou os bons laços com Argentina e Colômbia e a proximidade crescente com a África.
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Fonte: Rádio França Internacional