Modelo é mais uma vítima dos crimes de honra no Paquistão

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Modelo é mais uma vítima dos crimes de honra no Paquistão

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RFI

mediaA modelo paquistanesa Qandeel Baloch foi assassinada pelo irmão na última sexta-feira (14).
Reprodução Facebook

O irmão de Qandeel Baloch, modelo paquistanesa muito popular nas redes sociais por suas publicações sensuais e pelo ativismo em prol do direito das mulheres, afirmou neste domingo (17) que não está arrependido de tê-la assassinado "por seu comportamento intolerável".

Qandeel, cujo nome verdadeiro era Fauzia Azeem, foi assassinada na noite da última sexta-feira (14), na residência da família em Multan, no Paquistão. Seu irmão foi preso neste sábado (16), após ser denunciado pelo pai, e compareceu neste domingo (17) ao tribunal, ao qual deverá retornar na próxima quarta-feira para uma audiência. "Sim, com certeza a estrangulei", confessou Muhammad Wasim em uma entrevista coletiva organizada pela polícia na cidade. "Estava no primeiro andar, enquanto nossos pais dormiam no andar de cima. Eram 22h45 quando lhe dei um comprimido e a matei", descreveu Wasim, que disse ter agido sozinho.

Crimes de honra

Milhares de mulheres morrem anualmente no Paquistão nos chamados "crimes de honra". Em muitos casos, os assassinos, quase sempre parentes da vítima, não são punidos, porque a legislação permite que as famílias os perdoem. O assassinato de Qandeel Baloch, no entanto, comoveu o Paquistão, e uma vigília foi realizada neste sábado (16), além de uma petição por justiça, que já reuniu milhares de assinaturas.

Em sua última publicação no Facebook, em 4 de julho, Qandeel dizia querer mudar "a típica mentalidade ortodoxa das pessoas", e agradeceu aos seguidores "por entenderem a mensagem que tento passar através de minhas publicações e vídeos ousados". Embora alguns a considerassem uma Kim Kardashian do Paquistão, muitos acreditam que ela tenha sido uma ativista que lutava pelos direitos das mulheres, mais uma vítima do dogmatismo conservador vigente no país.

A menina má mais amada do Paquistão

"Qandeel foi uma pessoa muito inteligente, que sabia que o que fazia era algo muito maior do que ser a menina má mais amada no Paquistão", declarou à AFP a ativista e jornalista Aisha Sarawari. "Seu assassinato representa um novo retrocesso para as mulheres da nossa geração", lamentou.

Benazir Jatoi, da Aurat Foundation, ONG paquistanesa que defende os direitos legais e políticos das mulheres, afirmou que "há muitos culpados pela morte de Qandeel". "Ela representava muitas mulheres paquistanesas que morrem assassinadas por uma sociedade que dá carta branca para os homens", denunciou.

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Fonte: Rádio França Internacional

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