França/Atentados –
Artigo publicado em 16 de Novembro de 2015 –
Atualizado em 16 de Novembro de 2015
Europeus homenageiam vítimas de atentados com um minuto de silêncio
Centenas de pessoas se reuniram nesta segunda-feira (16) diante da sala de espetáculos Bataclan, palco de um dos ataques da última sexta-feira (13). REUTERS/Christian Hartmann
A França inteira parou nesta segunda-feira (16) para fazer um minuto de silêncio ao meio-dia local (9h pelo horário de Brasília) em memória das vítimas dos atentados de sexta-feira (13). Paris, que foi palco do atentado mais violento da história do país, segue em luto nacional durante três dias. Dos 129 mortos nos ataques coordenados, 103 já foram identificados, de acordo com o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.
Em Paris, o presidente François Hollande participou da homenagem na Universidade de Sorbonne ao lado de Valls. Logo depois da homenagem, centenas de pessoas entoaram a Marselhesa, o hino da França.
Milhares de pessoas saíram às ruas da capital francesa para colocar flores nos locais dos atentados, principalmente na casa de espetáculos Le Bataclan, no 11° distrito, onde 89 pessoas morreram. Diante da barreira de proteção instalada pela polícia, muita comoção e lágrimas. "É muito dolorido saber que toda uma juventude foi atingida pelos ataques. Não conheço nenhuma vítima pessoalmente, mas, ao mesmo tempo, são nossos filhos", declarou, muito emocionada, Chantal, de 63 anos.
Na rua Charonne, 30 minutos de silêncio foram respeitados por cerca de 150 pessoas. A partir das 11h30, o grupo se reuniu diante do restaurante La Belle Équipe, no 11° distrito da capital, onde 19 pessoas foram assassinadas.
No mesmo momento, diante do bar Carillon e do restaurante Le Petit Cambodge, outros dois locais que foram alvo de ataques, no 10° distrito de Paris, uma multidão também prestou homenagem às vítimas. Abalada, Josiane, de 69 anos, estava inconsolável: "Como podemos matar jovens? Isso não se faz".
Na praça da República, quase duas mil pessoas se reuniram ao redor do monumento da Marianne, na região central de Paris. Menos silenciosa, a homenagem foi atrapalhada por algumas buzinas e terminou com uma salva de palmas. Desconhecidos se deram as mãos e muitas pessoas deixaram flores e velas no pé da estátua.
Na Grande Mesquita de Paris, no 5° distrito, o líder muçulmano Dalil Boubakeur e dezenas de fiéis rezaram e escutaram a Marselhesa.
Homenagens pela França
Em todo o país grandes e pequenas cidades pararam ao meio-dia para se unir às homenagens. Em Montpellier, no sul da França, centenas se acumularam na Praça da Comédia, no centro da cidade. Na Praça Kléber, em Estrasburgo, um homem, se dizendo francês de origem muçulmana, improvisou um discurso e declarou: "a França perdeu uma batalha, mas não a guerra. Devemos todos permanecer unidos diante dessa barbárie". Em Nancy, no nordeste da França, cinco mil pessoas se reuniram diante da prefeitura, coberta por uma bandeira preta.
A ministra francesa da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, pediu que os professores de todas a França respeitassem um minuto de silêncio nos estabelecimentos de ensino. Depois de fecharem as portas no sábado, as escolas reabriram nesta segunda-feira para um dia especial de conversas e esclarecimentos sobre os massacres de sexta-feira.
Europa para em homenagem à França
Várias cidades europeias também participaram do movimento. Em Londres, as escolas, o comércio, as empresas, o governo e o Parlamento observaram um minuto de silêncio quando o Big Ben soou a hora marcada para a homenagem. A seleção de futebol da Inglaterra parou o treinamento e as bandeiras foram colocadas a meio mastro nos prédios públicos.
Diante da majestosa catedral de Saint Paul, no centro da cidade, ingleses e turistas também respeitaram um minuto de silêncio. Em Trafalgar Square, cerca de 200 pessoas se reuniram para exibir cartazes proclamando "Eu sou Paris". Em Liverpool, no norte da Inglaterra, quase 200 pessoas cantaram o hino nacional francês.
Em Berlim, centenas de pessoas se reuniram diante da embaixada da França, junto ao Portão de Brandenburgo. Os berlineses depositaram milhares de ramos de flores diante a sede diplomática nos últimos dias. Através das janelas dos prédios era possível observar muitas pessoas respeitando o minuto de silêncio. Os transportes públicos foram interrompidos para participar na homenagem.
Em Madri, dezenas de deputados observaram um minuto de silêncio na escadaria do Parlamento, com o hino francês de fundo. A menos de um quilômetro de distância, na estação de Atocha, cenário dos atentados em que 191 pessoas morreram em março de 2004, cerca de 50 pessoas se reuniram, convocadas pelos dois principais sindicatos do país. Na prefeitura, localizada na Praça de Cibeles, cerca de 300 pessoas fizeram silêncio junto a uma bandeira francesa e uma bandeira dos "Refugiados bem-vindos", que há uma semana está pendurada na fachada do prédio.
Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou, depois de observar o minuto de silêncio, que "os aliados estão junto à França, unidos na dor e na solidariedade"
Em Antalya, sul da Turquia, onde se reúne o G20, os dirigentes europeus presentes também participaram da homenagem. Os sete líderes europeus presentes – David Cameron, Angela Merkel, Matteo Renzi, Mariano Rajoy, Laurent Fabius, Donald Tusk e Jean-Claude Juncker – se uniram ao movimento, e depois abraçaram Fabius, o chanceler francês que representa François Hollande na cúpula.
(Com informações da AFP)