Economia/Fusões e aquisições –
Artigo publicado em 11 de Novembro de 2015 –
Atualizado em 11 de Novembro de 2015
AB InBev compra SABMiller por US$ 121 bi, na terceira maior aquisição da história
Logo da AB InBev na sede da companhia em Leuven, na Bélgica REUTERS/Francois Lenoir
A cervejaria belgo-brasileira AB InBev fechou um acordo definitivo para comprar a britânica SABMiller por US$ 121 bilhões. O anúncio foi feito hoje em uma nota emitida de forma conjunta pelos conselhos administrativos das duas empresas e confirmou o valor previsto em um texto preliminar, de US$ 66 por ação, o que representa um prêmio de pelo menos 50% em relação ao preço de fechamento da ação SABMiller em Londres em 14 de setembro, antes das especulações sobre uma possível aquisição.
O negócio deve ser concluído na segunda metade de 2016 e transformará a InBev em uma cervejaria global, já que a SABMiller está implementada nos mercados asiático e africano. Na metade do pregão, as ações da InBev operavam em alta de 1,03% na Bolsa de Bruxelas e a SAB Miller, de 2,35% em Londres.
Para evitar acusações de monopólio, a SABMiller venderá por 12 bilhões de dólares sua participação majoritária na americana MillerCoors para a também americana Molson Coors. Se o negócio for aprovado pelos órgãos de fiscalização da competição, está será a terceira maior operação de fusão e aquisição da história, depois de Vodafone e Mannesmann, em 1999, e de Verizon Communications e Verizon Wireless, em 2013.
Juntas, a SAB e a InBev produzem atualmente, cerca de 60 bilhões de litros de cerveja por ano (três vezes mais do que a terceira do setor, a holandesa Heineken) e vendem um terço de todas as cervejas consumidas no planeta, da mexicana Corona até a australiana Foster's, passando pela chinesa Snow – a marca de cerveja mais consumida em todo o mundo. O novo grupo incluirá as marcas de cerveja americana Budweiser e belga Stella Artois, pertencentes à AB InBev, assim como a italiana Peroni, a tcheca Pilsner Urquell e a holandesa Grolsch, da SABMiller.
"A aquisição da SABMiller pela AB InBev é a conclusão lógica de uma década de reagrupamento na indústria de bebidas", explicou Jeremy Cunnington, especialista da Euromonitor International. "Entre 2005 e hoje, o domínio do mercado mundial pelas cinco principais empresas do setor passou de 38% a 56%", recordou. "Ao somar nossas forças, construíremos uma das principais empresas mundiais de bens de consumo", comemorou o diretor geral da AB InBev, Carlos Brito, em um comunicado.
"Rendimento em espécie"
Os grandes fabricantes de cerveja buscam relançar o crescimento de um mercado que avança timidamente – espera-se uma progressão de apenas 1% entre 2014 e 2015, devido à estagnação dos mercados desenvolvidos. Contudo, as cervejas artesanais, que representam entre 5 e 9% do consumo, têm visto um salto de vendas superior a 10% ao ano nos mercados mais desenvolvidos. O presidente da SABMiller, Jan du Plessis, destacou, neste contexto, "a presença incomparável da SABMiller nos mercados em desenvolvimento, que estão experimentando um forte crescimento".
Mas ele ressaltou que a proposta do seu concorrente era irrecusável. "A oferta da AB InBev representa um bônus e um rendimento em dinheiro atrativos para os acionistas (…), razão pela qual o conselho de SABMiller recomendou por unanimidade a oferta da AB InBev". Os detalhes financeiros do acordo confirmam as linhas gerais reveladas na conclusão de um acordo preliminar em 13 de outubro, depois de uma verdadeira disputa que durou um mês e na qual o conselho da SABMiller recusou quatro ofertas informais, aumentando as apostas antes de aceitar uma quinta oferta.
As ações da nova AB InBev passarão a ser negociadas principalmente na Bolsa de Valores de Bruxelas, como ocorre atualmente, com cotações secundárias em Johanesburgo, México e Nova York. A direção da AB InBev espera que a aquisição da SABMiller lhe permitirá realizar economias de até US$ 1,4 bilhão por ano a partir do quarto ano após a absorção eficaz da sua concorrente. A AB InBev indicou que fornecerá posteriormente detalhes sobre as "reestruturações necessárias", o que desperta o temor sobre a possível supressão de postos de trabalho.