Artigo publicado em 18 de Novembro de 2015 –
Atualizado em 18 de Novembro de 2015
81% dos franceses apoiam os ataques aéreos contra o grupo Estado Islâmico
Capa do jornal Le Parisien desta quarta-feira. Reprodução
O diário Aujourd'Hui en France desta quarta-feira (18) traz uma pesquisa mostrando que os franceses apoiam as iniciativas do presidente François Hollande na sequência dos atentados terroristas em Paris. 81% são a favor dos ataques aéreos contra a Síria e 62% dizem que apoiariam uma intervenção por terra.
O dado mais importante para Hollande é que 73% dos entrevistados dizem que o presidente tem se portado à altura da gravidade dos eventos. O jornal também testou a popularidade de algumas medidas tomadas pelo governo. Por exemplo, 91% apoiam a retirada da nacionalidade francesa de suspeitos de terrorismo que tenham dupla nacionalidade.
Os números também aprovam a criação de 5 mil empregos no setor de segurança, anunciado pelo governo, e a facilitação das regras para que policiais possam se defender. A medida menos popular é a ideia de revisar a constituição do país para dar poderes excepcionais ao governo contra o terrorismo. Ainda assim, a ideia tem maioria, com 53% de apoio.
Le Figaro
Em seu editorial de capa, o diário conservador Le Figaro discute se a França e a Europa deveriam abrir mão da política econômica austera em nome de um maior investimento em segurança. E o próprio jornal responde: não. Le Figaro diz que todos estão de acordo com a decisão imediata de François Hollande de reforçar os efetivos da polícia e do poder judiciário do país e reconhece que a "guerra ao jihadismo tem o seu preço".
Mas alerta que nem a França e nem a União Europeia devem sacrificar o pacto de estabilidade em nome de um pacto de segurança. O editorial diz que essa tentação pode trazer junto um perigo: o de a França perder definitivamente o controle de suas contas públicas, lembrando que atualmente a despesa do setor público consome 57% de toda a riqueza produzida no país. "A luta contra o islamismo não é incompatível com o controle orçamentário", recomenda o jornal, em um recado claro para o presidente Hollande.
Libération
O jornal de esquerda Libération foi até o bairro de Molenbeek, em Bruxelas, de onde teriam saído vários dos terroristas que atacaram Paris. O bairro é chamado pelo diário de "fábrica de jihadistas". Em seu editorial, explica que a situação social de Molenbeek favorece o recrutamento de jovens para o extremismo: a pobreza e o desemprego seriam a regra no bairro. "Mas seria ingenuidade explicar o fenômeno apenas por causa disso", alerta Libération.
A propaganda e o proselitismo radical seriam fatores autônomos, de acordo com o jornal, independentes do contexto social. Duas urgências se impõem, acredita Libération. Primeiro, uma ação policial para apreender armas e desintegrar as redes terroristas do bairro. Segundo, enfrentar os pregadores do ódio. O jornal diz que, assim como na França, a Bélgica está tomada por imãs extremistas formados nas monarquias do Golfo e que levariam jovens a aderir ao extremismo.