Chefe humanitário da ONU diz que conflito na Síria é "um ultraje"
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Stephen O'Brien fez a declaração na abertura da Conferência sobre o futuro da Síria realizada em Bruxelas; para ele, "o fato da guerra ter passado de seis anos de duração não significa que a familiaridade deve gerar aceitação".
Stephen O’Brien. Foto: ONU/Rick Bajorna
Edgard Júnior, da ONU News em Nova Iorque.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Stephen O'Brien, afirmou que "a guerra na Síria continua sendo um ultraje, uma mancha no mundo, inaceitável e urgente".
Em discuso feito, esta terça-feira, na abertura da Conferência sobre o futuro da Síria, realizada em Bruxelas, O'Brien disse que o fato do conflito ter ultrapassado os seis anos de duração não significa que "a familiaridade gere a sensação de aceitação ou de que não pode ser evitado".
Desafios
Ele disse que a imensa necessidade e os desafios operacionais dentro da Síria estão bem documentados.
O'Brien declarou que apesar das organizações humanitárias não terem condições de impedir ataques, cercos ou deslocamentos forçados, elas têm fornecido "uma sobrevida" a milhões de pessoas necessitadas através de programas de ajuda.
O subsecretário-geral explicou que "virtualmente" todos os meios possíveis de acesso à população estão sendo explorados, até mesmo para alcançar aos que estão em áreas difíceis ou cercadas por tropas do governo ou da oposição.
O'Brien declarou que a ONU continua exigindo das partes em conflito acesso livre, seguro e imediato às pessoas que precisam de ajuda.
Futuro
Olhando para o futuro, o representante das Nações Unidas citou a importância da adoção de algumas prioridades como a garantia de prestação de contas pelos crimes cometidos.
O'Brien falou também sobre a necessidade de se estabelecer a verdade e fornecer indenizações às vítimas. Tudo isso, segundo ele, deve estar no "horizonte" se os sírios conseguirem alcançar um processo de reconciliação e paz.
Ele afirmou que as mulheres e as meninas sofreram um impacto desproporcional com a guerra na Síria e continuam sendo um alto risco para a violência de gênero.
Elas sofrem principalmente nos casos de violência doméstica, exploração e violência sexual, casamento precoce e tráfico humano. Ao mesmo tempo, O'Brien disse que é importante não esquecer do estupro e recrutamento de meninos.
O subsecretário-geral afirmou que o país perdeu dois terços do PIB, Produto Interno Bruto, desde o início da guerra, em março de 2011. Mais da metade da população está deslocada e o índice de pobreza passou de 85% e está aumentando.
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Fonte: Rádio ONU