Canções melancólicas fazem parte de minha vida desde que tenho idade para perceber a diferença entre uma música feliz e outra triste, e isso já faz muito tempo. Desde bem jovem me apeguei este lado meio esquecido da alma humana, que em tempos de felicidade prosaica tem sido empurrado a muito custo e antidepressivos para um canto esquecido da psique.
O trio Winteryard me trouxe de volta a sensação avassaladora que é, para nós, os seres melancólicos, ser tomado pela beleza que só a tristeza proporciona. Ao invés do calor, o frio; ao invés do colorido, o cinza; a dor que insiste em bater à porta mesmo quando a felicidade já está dentro…tudo isso é belo, mas não aos olhos de todos.
A banda surgiu há 3 anos, como uma maneira solitária de Priscila de Castro externar seus sentimentos em forma de música. Depois, a chegada de Odair e Brunella e agora em 2015 o segundo EP, que apresento a vocês: “Endless Winter”.
Concebido através de financiamento coletivo, o disco traz 05 faixas onde histórias sobre corações partidos são contadas sobre atmosferas delicadamente construídas por texturas oníricas. Podem chamar de dream pop ou pós-rock, mas o rótulo aqui é o que menos interessa.
Nessas histórias contadas pelo Winteryard o verão não vem para aquecer o frio, não há um final feliz. Em pouco menos de 22 minutos a voz de Priscila parece ecoar direto aqui, em mim, e talvez em todos os amaldiçoados pelo vício em canções tristes, aqueles em que para sempre só há o outono e o inverno.
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos