No ano passado escrevi sobre a banda shoegaze Lucy’s Drive e prometi falar em breve sobre outro grupo pioneiro do indie rock japonês, o Venus Peter. Como promessa é dívida, mesmo que o ‘em breve’ tenha demorado um pouco (risos), cá estamos.
Assim como acontece com o Lucy’s, não há muita informação em inglês sobre este quarteto: nasceram em 1990, morreram em 1994, ressuscitaram na metade da primeira década dos anos 2000 e aparentemente ainda estão em atividade com uma formação diferente da original (com Masato Ishida, Shuntaro Okino, Yasushi Donaka e Yutaka Koga, segundo o Discogs).
Os descobri há muito tempo, na ‘era de ouro’ dos blogues, e quando pus os ouvidos em “Splendid ocean blue” – uma das faixas de seu segundo álbum, Spacedriver, e a que pulou na frente no modo randômico – fiquei de cara; aquilo eram 6 minutos do Primal Scream na fase Screamadelica, mas vindo da terra do sol nascente.
Tomei vergonha e saí do random, coloquei o debute dos caras no som e ao começar “Yellow shack”, música que abre Lovemarine, me liguei que o Venus Peter realmente se inspirava nos Screams, mas não só neles e também não só em sua fase derretida. Ali tinha jangle/indie pop à C-86, muito da sonoridade baggy do madchester e um pezinho no shoegaze, pé este que no disco seguinte foi mais fundo nas distorções.
Além de mais barulhento, Spacedriver é mais psicodélico, melhor produzido e nele o VP amarra melhor suas já citadas influências/referências (mas o Screamadelica e a voz da versão nipônica de Bobby Gillespie continuam lá hahaha). É meu preferido de tudo que escutei deles, e um dos álbuns que mais gosto desta safra do início dos 90’s, por catalisar como poucos a sonoridade indie da época.
Discos que justificam o nome do blogue. Descubra, ou redescubra.
Lovemarine + Obsession EP
Spacedriver
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos