Tim Maia – Tim Maia (1976)
PRECISAMOS FALAR SOBRE TIM MAIA, O DISCO, DE 1976. FIM.
No mágico 1976, mesmo ano em que os Ramones lançavam seu primeiro álbum e eu saia da barriga de mamãe, Sebastião Rodrigues Maia se desencantava com a seita racional, mandava todo o papo de imunização à puta que lhe pariu às favas e voltava à boêmia e ao triatlo hardcore (risos) do qual tanto gostava.
O novamente malucão Tim – que havia brigado com o também malucão-porém-mais-ajuizado Fábio e outros tantos amigos – queria sair de uma vez da ressaca limpa dos tempos racionais e gravar um disco todo em inglês. Começou o projeto, mas antes de finalmente terminá-lo e colocá-lo no mercado pelo seu selo Seroma, o homem que havia torrado dinheiro de todas as maneiras possíveis percebeu que estava na merda. Falido. Duro.
Mas ligeiro que era e ainda bem quisto por alguns chegados, conseguiu um contrato com a Polydor através do velho conhecido Pedrinho da Luz (fundador dos Fevers, uma das primeiras bandas de rock tupiniquins). A ideia era gravar um simples trabalho pela subsidiária da Phonogram e assim descolar a verba necessária para o tão sonhado álbum na língua inglesa, mas porra, de simples o sétimo e homônimo disco da carreira de Tião não tem nada.
Em pouco mais de 28 minutos, Tim e sua recém-batizada banda Vitória Régia cravaram um dos melhores e mais poderosos registros da poderosa música negra dos anos 70. Deep funk arrastado, soul romântica (da qual o triatleta sempre foi mestre), disco music, tudo guiado por um groove absurdamente parrudo e por AQUELA voz inigualável.
Puxado pelo sucesso radiofônico de “Rodésia” – uma das melhores composições de Tim, escrita como forma de expor as mazelas do país (que depois se chamaria Zimbábue) e de todo o continente africano, mas também exaltando (a força do) e insuflando o povo preto – o álbum vendeu bem e assim Sebastião arrecadou os cruzeiros necessários para seu intuito. A verdade, porém, é que este aqui é ‘o’ disco lançado por ele em 1976.
O álbum em inglês é foda? É! Mas basicamente feito pra dançar de rosto colado, não tem o suíngue pesado da homenagem de Tim a seus filhos em “Márcio Leonardo e Telmo” ou “Batata frita o ladrão de bicicleta” nem o desencanto disco de “Brother, father, sister and mother”. Dois anos depois o triatleta voltaria ainda mais colocado nas drogas e nas pistas com Tim Maia Disco Club, “Sossego” e tudo mais, mas essa é conversa prum outro dia.
Por hoje, dance enquanto é tempo.
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos