Dia desses estava relendo alguns textos ‘antigos’ aqui do PCP (sim, faço isso com frequência) quando me deparei com um deles escrito pelo parceiro Jean Carlo Martins sobre Alejandro Escovedo. Lá pelo final da matéria ele cita o trecho de uma música em que Escovedo fala de sua raiz punk homenageando uma banda chamada The Zeros (chamada de Ramones mexicanos), e aí uma luzinha acendeu no meu velho e surrado cérebro.
Em algum lugar do passado li algo sobre os 0’s e num canto de meu HD mental ficou registrada a ligação entre eles e o sobrenome de Alejandro; ativei então o oráculo moderno e numa rápida e precisa pesquisa, bingo! Javier, guitarrista, vocalista e principal compositor dos Zeros é irmão mais novo de Alejandro Escovedo. Ponto para meu velho e surrado cérebro.
A banda foi formada em 76 por Javier, Robert Lopez, Hector Penalosa e Baba Chenelle em Chula Vista, no sul da Califórnia, e já no ano seguinte estavam tocando ao lado de outros pioneiros do punk rock estadunidense como Germs e Weirdos, lançando seu primeiro single, Wimp/Don’t Push Me Around e, a despeito do sentido pejorativo, se consolidando como a versão mexicana dos Ramones.
Entre várias mudanças na formação, gravações de singles e shows caóticos (a polícia chegou a parar um deles, em 79), os Zeros se separaram em 1980, deixando um grande legado no submundo da música e uma legião de fãs que inclui, entre outros, bandas como Muffs e Mudhoney. Desde 1995, cercados por tretas envolvendo dinheiro (Penalosa acusou Escovedo de não pagar o resto do grupo, embolsando os cachês) e outros assuntos extra-musicais, estão novamente na ativa; seu último e ótimo single, In the spotlight, veio ao mundo em 2019, mas hoje a gente põe na roda a compilação Don’t push me around que saiu em 91 pela mesma Bomp! que lançou os dois primeiros 7 polegadas dos Zeros, reúne além destes o último single da primeira fase dos caras e, como explica a linha fina na capa do álbum, outras faixas raras e não lançadas (como um curto registro ao vivo, gravado em San Francisco em 1978).
Finalizando, só posso agradecer ao Jean por ser sempre uma fonte de inspiração e boa música, aos Zeros por serem tão foda e ao meu velho e surrado cérebro pelas sinapses realizadas hahaha.
Descubra ou redescubra. Mas ouça no talo!
Ou no spotifalho
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos