Em 05 de agosto de 1969, quando a Elektra despejou no mercado o primeiro e homônimo disco dos Stooges, o rock há muito já tinha perdido a suposta inocência dos primeiros anos daquela década. Kinks, Who, Los Saicos e outros tantos já aceleravam o rolê há tempos, os Sonics furavam amplificadores, o Velvet Underground enfiava toneladas de cocaína e feedback em White light/white heat, enfim, tanto a doçura de “She loves you” quanto a paz e o amor dos hippies já estavam enterrados.
Mas até então nenhuma banda, em nenhum lugar da terra, tinha a fórmula explosiva que o quarteto de Ann Arbor guardara para sua estreia. O que aqueles quatro pivetes fizeram – mesmo sem querer ou saber – foi subverter a porra toda, explodir as raízes blueseiras do rock e injetar em seus destroços doses cavalares de selvageria, insanidade e barulho, escancarando as portas para que um sem número de outros pivetes entrassem em cena nos anos seguintes e fizessem acontecer oficialmente o que Lester Bangs já havia batizado como punk.
Mesmo que The stooges, o álbum, tivesse sido lançado apenas com as cinco faixas que originalmente o compunham (“I wanna be your dog”, “No fun”, “1969”, “Ann” e “We will fall”), o estrago irreversível já estaria feito. Se as duas últimas – e em especial “We will fall” – apresentam a visão da banda sobre a psicodelia, as três primeiras são parte definitiva do gene podre que infectaria a música na década seguinte e dali em diante.
Essencial!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos