The Primitives – Lazy, 1986-1988 (1989)
Há mais ou menos um mês o Marcelo, leitor fiel do PCP, sugeriu que escrevesse aqui sobre o delicioso Lovely, disco de estreia dos queridos Primitives, banda inglesa que surgiu ali na metade dos anos 80, encerrou as atividades no início da década seguinte e voltou à ativa muito tempo depois, em 2009.
E sim, eu comecei a escrever sobre o álbum citado, mas num dos muitos giros desta terra maravilhosamente redonda, fui violentamente arremessado para alguns anos antes daquele mágico 1989 em que a RCA pôs o debute dos primitivos no mercado. Daí fodeu…
Porque antes de assinarem com a major e estrearem com um álbum cheio, Paul Court, Steve Dullaghan, Peter Tweedie (depois substituído por Tig Williams) e a maravilhosa Tracy Tracy já tinham histórias pra contar, histórias estas mais cruas e barulhentas, quando ainda lançavam singles pela Lazy Records. E é justamente nessa época que fui jogado pelo giro de nosso planeta maravilhosamente redondo.
Canções como “Thru the flowers”, primeiro registro dos Primitives lá de 1986, “Really stupid”, “Across my shoulder” ou “Stop killing me” são o quarteto de Coventry mais cheio de feedback/distorções e (também mais) próximo à grande influência de meio mundo ali da C-86 e cercanias, obviamente os Mary Chain (mas com a doce voz de Tracy como ponto de desequilíbrio em relação aos contemporâneos).
Estas e outras faixas dos primórdios da banda estão na compilação que roda por aqui agora, batizada simples e efetivamente de Lazy, 1986-1989. E também como outras presentes na coletânea (“Shadow”, “Buzz buzz buzz”) entraram ‘levemente transformadas e mais limpas’ em Lovely, o disco sobre o qual eu deveria estar escrevendo neste instante, mas que foi derrubado por um dos giros desta maravilhosa terra redonda.
Enfim, peço desculpas ao Marcelo, hoje fui tomado pelos Primitives mais…primitivos (sic). Mas prometo voltar aqui com o debute oficial deles, falar sobre a sua influência em gerações futuras (pensem em Velocity Girl e Raveonettes, por exemplo), sobre a mudança de caminhos que os levaram a Pure (1989) ou Galore (1991) e ao fim provisório de sua jornada. Agora me despeço e aconselho a todos que aumentem o volume e apertem o play.
Essencial!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos