Quando se pensa – se é que alguém além de mim pensa nesse tipo de coisa – na música de Cincinnati, em Ohio, vêm à cabeça basicamente três grupos: Afghan Whigs, National e, claro, Isley Brothers (ok, mestre Jedi, pode falar que existe um sem número de bandas boas por lá. Eu desconheço).
O lance é que nem sempre o pensamento alcança a realidade, e a realidade é que há atualmente uma cena musical foda na terra de Greg Dully, que engloba garage e psicodelia, punk e pós-punk, noise e industrial, kraut e dub, indie e trevas góticas; e no meio desse balaio tem um gato que pega quase tudo isso que citei, em maior ou menor escala, e assim cria sua música. O nome do sujeito é Dylan McCartney, e sua banda/projeto se chama The Drin.
Pelo que sei o cara começou a compor e gravar em 2020, no meio do rolê assassino da covid-19, provavelmente meio apavorado, enlouquecido e desesperado, como todos estávamos. Fez seus primeiros registros obviamente sozinho e isolado, e como não morreu nem enlouqueceu de vez seguiu com o Drin até se juntar a outros malucos da tal cena underground de Cincinnati no ano passado e no início deste 2023 lançar seu primeiro disco com outros músicos lhe acompanhando. Com vocês, Today My Friend You Drunk The Venom.
Se tivesse que por um único rótulo no álbum pra ‘facilitar seu reconhecimento’ usaria pós-punk, pela infindável gama de referências sonoras colocadas sob este teto construído nos anos 70, e se tivesse que citar um ‘mood’, seria sombrio. Pronto, agora vocês já tem o mapa da mina e é só escavar hahaha. Aqui tem fragmentos de Bauhaus, Oh Sees, Sonic Youth, Throbbing Gristle, Fall e mais um monte de coisas boas que McCartney e cia. misturam para dar forma a uma massa trevosa que ao vivo deve ser o puro e delicioso creme do caos.
Agora que a fota está dada, aumente o volume e escute essa parada no talo. E lebre-se: no submundo é que as coisas acontecem pra valer.
Segura a trip!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos