Se o mundo fosse um lugar justo, The days of wine and roses estaria presente no imaginário coletivo de todo fã de música, o Dream Syndicate seria reverenciado por qualquer roqueiro e a paisley underground seria tão conhecida quanto o grunge. Mas o mundo é injusto, os roqueiros limitados e a MTV não ditava regras no começo dos anos 80.
O primeiro álbum da banda de Steve Wynn, Kendra Smith e cia. é uma bíblia escrita em 1982 por apóstolos que escutaram atentamente as palavras dos mestres – Velvet, Stooges, Neil, Television, Patti Smith – para criar seu próprio livro sagrado. Qualquer dia desses retorno a ele, hoje volto algumas casinhas no jogo da vida do sindicato dos sonhos.
Poucos meses antes de lançar pela Slash Records seu citado e louvado debute, o Dream Syndicate fez seu primeiro show no Lingerie, em Hollywood. Era fevereiro de 1982, e após essa apresentação decidiram gravar e lançar de forma independente um EP homônimo; as sessões aconteceram na casa de Tom Mehren sob a tutela de Paul B. Cutler (sim, o fundador do 45 Grave que depois assumiria a guitarra no próprio Dream Syndicate) e o disquinho de 04 faixas saiu pelo selo de Wynn, Down There.
O grupo e seu EP caíram nas graças do submundo roqueiro local, e não por menos; aqui estão as mudas que germinariam e cresceriam nos dias de vinho e rosas (em setembro do mesmo ano): o barulho dos feedbacks, as jams caóticas e psicodélicas de guitarra, o frenesi tribal e a monotonia verbal herdados dos Velvets, enfim, o Dream Syndicate em toda sua glória e potência.
Caso o desconheça, sugiro que aumente o volume e escute este 12 polegadas no talo. Caso já o saque, sugiro o mesmo pra relembrar o quão foda é.
Essencial!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos
