Houve uma época de minha vida besta, num ponto qualquer da adolescência, em que reneguei diversas bandas do universo pós-punk que tanto moldaram meu caráter. Estava imerso em outras trips e pensava – vejam bem – sacar tudo do submundo musical (risos histéricos), então grupos que eu considerava muito populares, que tinham canções tocando no rádio, não me interessavam mais.
Nesse rolê peguei bode de gente como, entre outros, Smiths, Echo and The Bunnymen, Simple Minds, The Mission (ok, dos dois últimos o bode continua hahaha) e The Church. O Church, gente, uma das coisas mais maravilhosas que já pisou esta terra devastada e redonda, autores de “Under the milk way”, muito provavelmente a causa de nossa separação.
Mas o tempo é sábio e com o passar dos anos, já com os miolos no lugar, veio a reconciliação. Decidi me distanciar da razão do rompimento, deixei o sensacional Starfish de lado e mergulhei fundo na discografia anterior dos australianos, para assim reacender a chama da paixão (rs) que começou com “Reptile”.
Dito isso e já tendo escutado muitas vezes tudo que o Church lançou antes E depois de 1988 (o último álbum deles, The Hypnogogue, saiu há pouco tempo e é ótimo), poderia escolher qualquer de seus discos pra rodar por aqui agora. Sem pensar muito, decidi por Heyday, de 1985 e predecessor do citado Starfish.
Não me lembro de haver hits aqui, mas sei que na extensa carreira dos caras é um dos favoritos de muita gente, incluindo aí seus próprios criadores. Talvez por ser o primeiro disco do quarteto feito de forma mais coletiva, com Steve Kilbey dividindo as composições com seus parceiros de banda, talvez pelo fato do mesmo Steve estar limpo e assim finalmente mostrar seu potencial como cantor, talvez pela presença de cordas e metais na fórmula psicodélica/pós-punk das canções do grupo – fórmula esta que sempre me remete à Paisley Underground -, enfim, talvez simplesmente por ter músicas foda como “Myrrh”, “Tantalized” ou “Roman”, não importa.
Com Heyday o Church pavimentou o caminho que dois anos e pouco depois os levaria ao sucesso que nos afastou. Mas como a vida me ensinou in loco, o tempo não apaga um amor verdadeiro
No spotifail
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos