Quando formaram o Tangled Shoelaces no limiar dos anos 80 num pequeno subúrbio de Brisbane, na Austrália, os irmãos Stephen (guitarra/vocais), Lucy (teclados/vocais) e Martin Mackerras (baixo) tinham, respectivamente, 14, 11 e 10 anos de idade, e além de mal saberem tocar seus instrumentos não faziam ideia de quão foda eram.
Influenciados pelo punk e pós-punk que escutavam na rádio comunitária local (a 4ZZZ) os três pirralhos e o amigo da família Leigh Nelson (bateria) decidiram que, ao montar a banda, não seguiriam o caminho fácil das côveres e fariam música autoral. Imbuídos do espirito faça você mesmo começaram a gravar canções de forma independente e depois com o apoio de um professor que lhes cedeu seus próprios equipamentos; os tais registros se tornaram uma demo com seis músicas que chegou ao selo M Squared, que deu aos guris a oportunidade de gravar profissionalmente.
Após várias idas à Sidney para tal empreitada, entre uma apresentação e outra, finalmente o EP Falling objects veria a luz do dia em 1983, mas a M Squared fechou as portas e largou o Tangled Shoelaces por conta. Porém os irmãos Mackerras não desistiram e seguiram pelo rolê indie, que os levou – vejam bem – a abrir para Dead Kennedys e John Cooper Clarke.
Gravaram mais uma fita (In the land of the lollypop men), um par de canções para uma compilação de bandas da região e fizeram uma porção de shows até que em 1984 os meninos da família seguiram para tocar em outras bandas, Lucy decidiu se dedicar aos estudos e assim a curta história dos Shoelaces chegava ao fim.
Seguiram praticamente desconhecidos até que em 2021 a Chapter Music compilou tudo que a molecada gravou – incluindo material inédito – sob o nome Turn My Dial – The M Squared Recordings And More, 1981-84, com 22 faixas que atestam por a + b a afirmação que encerra o primeiro parágrafo deste texto: eles eram foda. Muito foda!
Pós-punk e new wave, experimentações com fitas, psicodelia e pop, um caldo musical que tem em sua mistura de Television Personalities a B-52’s, de Raincoats a Swell Maps e Chrome, tudo com um certo ar de inocência, afinal no fim das contas estamos falando de uma banda formada por crianças. Estranhas e muito á frente do seu tempo, mas ainda crianças.
Descubra. Ou redescubra. Mas ouça no talo!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos