Quando Recurring foi lançado pela Fire, em fevereiro de 1991, o Spacemen 3 já estava em ruínas, devorado pelos cupins da relação entre Sonic Boom e J Spaceman, tanto que é fato sabido por todos que o disco tem um ‘lado Kember’ e um ‘lado Pierce’, tendo apenas uma faixa com a participação dos dois tretados, a versão de “When tomorrow hits” do Mudhoney.
Mas nada disso, nem a briga ou o fato do álbum ser dividido por dois, compromete o transe que é escutar o último disco dos homens do espaço. ‘Ah, mas tem umas paradas eletrônicas. Ah, mas isso é quase ambient music’. Ah, mas falta barulho’. Não, crítico musical, não sobra nem falta nada em Recurring, ao contrário de você onde sobra caretice e faltam as drogas que o Spacemen 3 tomou para fazer música para tomar drogas para…(risos).
Diferente dos especialistas e suas opiniões sérias, eu absorvi este álbum e fui absorvido por ele durante inúmeras trips, indo e voltando de “Big city” a “Feelin’ just fine” (só tenho a versão em CD) em loops infinitos de euforia e relaxamento, fritação e derretimento. Aliás, Matt Groening também deve ter tido suas experiências com Recurring já que em um dos tantos episódios sensacionais dos Simpsons Homer teve uma fuga da realidade ao som de “Big city”. ‘Eh, you’re the pharmacist’.
Talvez devido à opiniões desfavoráveis algumas pessoas não deem a devida atenção ao canto do cisne de Kember & Pierce, buscando compará-lo a Perfect Prescription, Playing with fire ou Taking drugs, mas na verdade cada um deles é uma viagem diferente, feita para ser consumida em diferentes situações (ou estados mentais hahaha) e Recurring é o final da jornada lisérgica dos caras que levaram a psicodelia a outros níveis e influenciaram todo mundo que engoliu algo e decidiu montar uma banda após perder o contato com a própria mente. Big city, bright lights…
Ouça no talo!
E algumas demos de Recurring
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos