Sei Still – El Refugio (2021)
Descobri o quinteto mexicano Sei Still como descobri incontáveis bandas durante o lockdown em 2020: nas madrugadas insones, atormentado por todo tipo de paranoias cabíveis num único cérebro.
Naquelas noites sem fim, invariavelmente saía pela internet buscando algo que aliviasse a pressão, e num dos tantos passeios pelo Bandcamp me deparei o primeiro e homônimo disco deles. Mas aquela trip kraut não era o que eu precisava à época, próxima pauta e fim. Fim?
Final de 2021, ômicron recém-identificada (risos nervosos) e recebo um e-mail com a newsletter da Fuzz Club falando sobre um novo álbum do Sei Still, com uma pegada completamente diversa de seu debute. Ariano curioso que sou, fui checar qual era a do tal El refugio e aos primeiros acordes de baixo de “Extrarradio” já estava dançando com a parede. É como se a banda tivesse saído das viagens cósmicas de peiote pelo deserto de Chihuahua direto pruma trip de pó num porão berlinense de 1980. Bem, parte disso é verdade.
Porque eles realmente se mudaram da Cidade do México para Berlim, e essa mudança coincide com a guinada em sua sonoridade. El refugio é puro pós-punk daqueles do caralho, guiado pela cozinha pulsante entrecortada por uma guitarra carregada de efeitos, synths discretos e um vocal absolutamente sombrio, monótono e minimalista (sempre em espanhol).
Sim, vai te remeter a uma porção de grupos, tanto ‘pioneiros’ quanto ‘influenciados’; caso ande de saco cheio de trevosos passe longe, se não, sugiro que escute os dois discos do Sei Still em ordem de lançamento para enxergar a banda do mesmo ângulo que eu. E se os caras – como afirmaram no release do álbum – nunca querem gravar o mesmo disco duas vezes, é bom ficar de olho neles pra sacar o que vem por aí.
Ouça no talo!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos