De minhas bandas preferidas dos anos 2010, o quinteto russo Pinkshinyultrablast começou fazendo, por assim dizer, um shoegaze mais ‘raiz’ (risos), para depois ir adicionando à fórmula original os ingredientes que lhes viessem à cabeça.
De flertes com a eletrônica e diversas experimentações barulhentas até um som mais pop e amigável, o grupo vem ao longo da última década e meia utilizando a receita gazer/dream pop como base de criação para, sobre ela, derramar suas diferentes influências e dar forma à sua música.
E assim é ao se escutar Grandfeathered, de 2016, onde é possível perceber – com exceção à “Initial”, abertura ‘docinha’ do disco – que ali a banda decidiu mostrar seu lado mais agressivo, pesado e complexo, o que de forma rasteira mas direta significa referências a metal, prog e kraut rock, sabores que não se sente com muita frequência no caldo shoegaze (nem pense em Deafheaven ou Alcest, talvez um vislumbre seja o Faith Healers, embora minhas comparações costumem ser imprecisas).
Mas independente da abrasividade ou das estruturas mais intrincadas, o álbum tem cara de Pinkshinyultrablast, muito – mas não só – pela voz inconfundível de Lyubov Soloveva. E conseguir essa maleabilidade, sempre expandindo e esticando os próprios limites sem perder a identidade e mantendo sua marca d’água, é coisa pra poucos.
Ouça no talo!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos