Final de 2024, um mundo cada vez mais acelerado e efêmero, habitado por bilhões de seres ‘humanos’ cada vez mais conectados e vazios, apressados, voláteis, deprimidos por dentro, realizados em pinturas falsas nas telas de seus dumbphones.
Enquanto o planeta gira ao meu redor nesta velocidade que não quero acompanhar, vou me desligando como posso. Tento não me deixar engolir, respiro fundo pra fugir das conhecidas crises de ansiedade enquanto alguém fala coisas que não consigo distinguir muito bem porque, ao fundo, o tocador de música deixado no aleatório começa a sussurrar uma introdução de sintetizador…
“Remind” vai crescendo aos poucos e de repente sou salvo, transportado pelas diversas dimensões por onde caminhei desde que descobri o ‘disco marrom’ dos irmãos Hartnoll, há uma vida atrás – ou várias. Automaticamente dou seqüência à viagem com “Walk now”, “Monday”, “Halcyon” e (a mais krafwerkiana impossível) “Input out”, pra depois voltar ao início de tudo com o sample de Star Trek que abre Orbital 2 e assim medicar corpo, mente e espírito adoecidos.
Mais uma vez fui salvo pela música. Obrigado, Orbital!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos