Se você pesquisar sobre o Mirrors na internet invariavelmente vai cair em algum texto que diz algo como ‘nem todos viram o Velvet Underground ao vivo, mas todos que os viram montaram uma banda’. Não sei até que ponto isso é verdade, não estava lá pra testemunhar essa afirmação in loco, porém é inegável que ninguém passou em branco pelos Velvets, e no caso da banda citada no início deste parágrafo essa influência é tão palpável quanto uma anfetamina.

Jamie Klinek montou o Mirros com Jim Crook, Craig Bell e Mike Weldon em algum momento da primeira metade da década em 70 (alguns dizem 1972, ele já afirmou que foi em 1973) em Cleveland após assistir a TODOS os shows que o VU fez por lá. Ao lado dos igualmente sensacionais Electric Eels, Styrenes e Rocket From The Tombs são o embrião do punk/pós-punk de Ohio que pouco tempo depois daria ao mundo Dead Boys, Pagans e Pere Ubu, entre outros não tão evidentes.

Enfim, cada um desses grupos pós-Velvet/pré-punk se deixou levar de uma forma pelas águas turvas de Lou Reed e cia., e o Mirros – menos comentado e conhecido que seus contemporâneos/conterrâneos, diga-se – se afogou menos no barulho e no experimentalismo (ao menos nos registros, já que há histórias de que tocavam uma versão de “Sister Ray” com 40 fucking minutos), dando maior vazão àquela pegada jangly-mais-pop da era Loaded somada ao onipresente garage rock e a fragmentos psicodélicos herdados dos ácidos que engoliram.

Something that would never do, que roda por aqui agora, reúne gravações dos espelhos feitas entre 74 e 75 espalhadas em outros registros (como a coletânea fodona Those were different times, da Scat Records) e atesta o que foi dito no final do parágrafo acima. Caso duvide, aperte o play em “Shirley” e me dê razão.

Descubra. Ou redescubra. Boa viagem!

Ou

Ou na porra do spotifail