Resgatei este disco pra escutar hoje enquanto vinha para o trabalho e o telefone não parava de pipocar com mensagens. Pensei comigo ‘foda-se, vou ligar o não perturbe e escutar um som fluído, pra desatarraxar os parafusos mentais’, e numa rápida e última busca antes de desconectar o HD cerebral foi Sound ancestors que pulou na frente.
A história deste álbum é bem simples apesar dele ter levado anos pra ficar pronto: durante um bom tempo o genial Madlib enviou uma porção de beats e conteúdos de sessões de estúdio inacabados para seu amigo de longa data e também gênio Kieran Hebden (o homem por trás do Four Tet, mas não só. Busque informação, jovem padawan…), num rolê do tipo ‘vê aí se alguma coisa te interessa e manda ver’.
Hebden, um sujeito tão ocupado quanto seu amigo beatmaker, demorou um bocado pra se embrenhar de vez no mar com centenas arquivos, mas quando o fez rearranjou, editou, recortou, colou, manipulou e combinou de diversas formas para criar um disco para ser ouvido do começo ao fim (como se houvesse outra forma de escutar um álbum hahaha).
O resultado, creditado apenas a Madlib mas na verdade feito a 4 mãos, é um trabalho primoroso, recheado de influências e samples que mostra o poder de fogo e conhecimento musical dos dois chapas, com Kieran adicionando nacos de psicodelia, pós-punk, jazz, soul e o escambau (vai de Ethics a Young Marble Giants, pensem) às batidas, loops e experimentações de Otis Jackson Jr. É hip-hop? Sim, mas também ‘tem cara’ de Four Tet. É um disco foda, simples assim.
Agora se você também precisa se desligar do caos mundano, aperte o play e tenha uma boa viagem garantida.
Turn it on. And turn it off.
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos