Descobri a francesa Lizzy Mercier Descloux num desses maravilhosos cruzamentos aleatórios enquanto fazia uma pesquisa sobre a no wave. Sim, de Paris a Nova Iorque em algumas dissonâncias minimalistas, frases soltas e batidas dançantes, não necessariamente nessa ordem.
Sua música me chegou através de um disquinho ao vivo chamado Rosa Yemen – mesmo nome do projeto que ela mantinha com o guitarrista D.J. Barnes – lançado em 1978 pela ZE Records, gravadora fundada por seu parceiro Michel Esteban e o recém-conhecido da dupla/casal Michael Zilkha.
Os três se trombaram em NY um ano antes, quando Lizzy e Michel se mudaram para a cidade que a conquistou quando ela esteve por lá de visita (em 1975), época em que fez amizade com ninguém menos que Patti Smith e Richard Hell. Descloux, que já era algo como uma catalisadora do movimento punk na França com sua loja Harry Cover e a revista Rock News, aos 21 anos de idade encontrou sua nova casa.
Press color é o primeiro disco cheio da agora novaiorquina Lizzy, e traz um tanto do minimalismo experimental à no wave do projeto Rosa Yemen e outro dos globos espelhados das pistas de dança cheias de plumas e paetês.
É pós-punk e é disco, tem reggae e jazz, tem uma versão percussiva de “Mission impossible” e outra bem irônica de “Fever”, aqui rebatizada como “Tumour”; por vezes me lembra uma mistura desigual entre Grace Jones, Slits, Liquid Liquid e Blondie, por outras não me lembra ninguém além dela própria hahaha.
Nos álbuns seguintes ela seguiria, de uma forma geral, por caminhos cada vez mais…hmmm…étnicos, deixando pra trás esse seu lado mais roqueiro e torto, justamente o que faz deste seu debute uma peça única. Aperte o play em “Jim on the move” e logo de cara você vai sacar a pegada da moça.
Ouça no talo!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos