Em todos estes anos nesta indústria vital já escutei muitas, muitas bandas que de alguma forma bebem na eterna fonte do Velvet Underground, mas nuca que me lembre ouvi uma que se embriagasse tanto do elixir de Lou e cia. quanto o quarteto Lewsberg.
Formado em Roterdã na segunda metade dos anos 10, o grupo vem desde 2017 soltando singles, EPs e álbuns no Bandcamp, e se em todos eles há uma carga Velvetiana maior ou menor, no pré-pandêmico In this house que gira por aqui agora, palavras como influência e referência ficam pequenas.
De “Left turn” a “Standard procedures” o que se escuta no disco são timbres, frases de guitarra, temas, sessão rítmica e especialmente a voz e forma de cantar de Arie van Vliet emulando as diversas faces do VU, da mais selvagem à mais tranquila.
‘Mas e aí, o álbum é ruim?’, você pode me perguntar. Não, mesmo soando como uma xerox contemporânea dos Velvets In this house não tem uma única música ruim e entre as 10 que o compõe algumas são realmente foda (“Cold light of day” e “Through the garden”, por exemplo).
Numa escala próxima mas ampliada o Lewsberg fez aqui o mesmo que o Omni em Networker, deixando escorrer pelos poros as águas do poço – aparentemente sem fundo – em que mergulham para criar seus trabalhos.
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos
