Lenola é uma das tantas bandas ianques surgidas na espuma do grande tsunami shoegaze que varreu o mundo no final dos anos 80/começo dos 90, pensada e formada primordialmente por Jay Laughlin, até então conhecido por ser o guitarrista da banda straight edge Turnin Point.

Talvez o cara tenha se cansado do hardcore, talvez apenas tenha se rendido ao universo de texturas e distorções da cena que se auto celebra, mas independente dos motivos o mais importante aqui é que o cara e seus parceiros conseguiram condensar influências básicas (MBV e cia, né?) e adicionar em sua receita pitadas da psicodelia torta de gente como Flaming Lips fase pré-bolhas de sabão gigantes e umas dissonâncias igualmente tortas à la Pavement e Built to Spill; e se isso não é percebido em “Shared a route” – faixa que abre The last 10 feet of the suicide mile, debute do grupo de Nova Jersei que gira agora em nossa vitrola virtual – já faz toda a diferença na segunda canção do álbum, a preferida da casa “Patches”.

E é justamente nesses momentos em que soa mais desleixado, lo-fi, chapado e dissonante que o Lenola é mais bacana e se afirma na cena shoegaze norte-americana noventista da qual fazem parte uma porção de outras ótimas bandas (Drop Nineteens, Swirlies, Lilys, etc).

Após essa estreia ainda lançariam mais quatro álbuns pela Tappersize Records, sempre com a mesma pegada, até que em 2003 se separaram. Laughlin seguiu por outras trips (atualmente tem uma banda de metal chamada Honey que é uma bosta..bem, não é muito a minha praia) e definitivamente não serão pauta por aqui. Mas ok, o que ele fez com o Lenola durante quase uma década garantiu seu lugar em nosso coração barulhento.

Ouça alto!

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