Gordons – Future Shock / The Gordons / Volume 2 (1980 / 1981 / 1984)
O Gordons existiu por pouco tempo, e em sua breve e explosiva existência foi o lado mais obscuro, caótico e barulhento da prolífica cena musical independente neozelandesa do começo dos anos 80 encapsulada pela Flying Nun Records.
Surgiram na cidade de Christchurch em 1980 e cinco anos depois implodiriam para depois renascerem como Bailter Space. Mas isso é papo pra outro dia, hoje a conversa é sobre o começo dessa história de distorções, quando John Halvorsen, Alister Parker e Brent McLachlan de juntaram para entortar ainda mais o já torto pós-punk de gente como Wire, Fall e Alternative TV – pra ficar em três contemporâneos – e se tornar, numa comparação rasteira, o equivalente kiwi ao Sonic Youth.
Future shock, primeiro registro do trio, foi lançado no ano de sua formação e já mostra o quão intensos e barulhentos eram os caras. “Adults and children”, última das 3 faixas do EP, ganhou um clipe de estética simples e crua que captura perfeitamente o ‘jeito Gordons’ (risos) de fazer música: uma cozinha potente e sem firulas, uma guitarra que de repente se torna um esmeril. Fim.
O primeiro e homônimo disco não tardou a vir ao mundo, também – claro – via Flying Nun. The Gordons saiu em 81 e abre com a emblemática e dissonante “Spik and span”, um pequeno clássico perdido que no imaginário deste editor ocupa lugar de destaque na história do rock independente universal, ao lado de, entre outras, “That’s when I reach for my revolver” do Mission of Burma e “Silly girl” do Television Personalities. Fechando o pacote temos “Laughing now”, um pesadelo elétrico, lento e minimalista, carregado de barulho corrosivo.
Após um hiato, em 1984 voltariam à carga com Volume 2 e Vince Pinker assumindo o lugar de Parker nos vocais gordonianos. O disco – que oficialmente nunca viu a luz do dia – não é de todo ruim, mas nem de longe lembra o Gordons furioso de “Future shock” ou experimental de “Right on time”. Era o final (desnecessário?) de uma banda volátil e altamente explosiva, que com apenas dez canções gravadas em dois anos explodiu como uma supernova e cravou seu nome na história da música subterrânea, onde permanece até hoje. Descubra. Ou redescubra.
Essencial!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos