Ali da segunda metade dos anos 80 até um ponto dos 90 música eletrônica era uma parada só, ainda não havia a segmentação que veio na década seguinte, então também era normal você sair pra dançar e os DJs misturarem house, new beat, EBM, pop, underground. Bastava o pitch bater e pronto, bora suar!

Em meio a essa babilônia jovem e deliciosa das pistas dos clubes, sempre, SEMPRE rolava uma faixa do Front 242, e salvo algumas exceções reservadas aos porões sombrios (“Quite unusual”, “Masterhit”), quando se ouvia a voz de Richard 23 nas caixas sob os estrobos era numa das faixas de Front by front, quarto álbum dos belgas lançado em novembro de 88 que os colocou – não sem razão – na posição de mestres da porra toda, godfathers da EBM, reis do industrial, influência e referência pra todo produtor que veio depois.

Nem vou falar da parte técnica, dos timbres, batidas, samples e demais bricabraques de 23, Jean-Luc de Meyer, Patrick Codenys e Daniel B (o homem invisível) na construção das 10 músicas da edição original do álbum. Puta que o pariu, Front by front já abre com “Until death (us do part)”, traz os dois hits que remetem ao parágrafo anterior (“Headhunter” e “Welcome to paradise”) e uma das coisas mais sensacionais já feitas pela mão do homem para dançar, “First in/first out”.

Me lembro de ter ganhado este vinil – saiu aqui via Stiletto, como muita coisa boa da época – de uma namoradinha num natal (89 ou 90), e dele ter rodado por anos comigo, até que dei uma bodeada com EBM e o passei pra frente. Hoje me arrependo até a medula.

Essencial!

(versão original, da Wax Trax!)

(remaster de 92, da Epic)