A máxima ‘estar no lugar certo na hora certa’ poucas vezes funcionou tão bem quanto em The real thing, o terceiro disco do Faith no More. Afinal um ano antes de seu lançamento a banda estava sem vocalista, e a chegada do esquisito Mike Patton para substituir Chuck Mosley foi o ponto-chave para a guinada tanto na carreira do grupo quanto na do ex-mas-nem-tanto homem de frente do Mr. Bungle. E claro, para a história da música e dos movidos à ela.
Para alguns pode parecer exagero a última afirmação, mas é ridiculamente óbvio que o (hard) rock levou um sacode gigantesco com The real thing e seu crossover. Mesmo que o FNM e outros contemporâneos já viessem pondo em prática o que se chamou de funk metal, foi em 20 de junho de 89 que o bagulho ficou realmente louco: afora todo o hibridismo do disco, que vai bem além desse e de qualquer rótulo, ali estavam “Epic”, literalmente épica, com AQUELE baixo de Billy Gould e o rap branco de Patton, seguida de “Falling to pieces”, com com AQUELE baixo de Billy Gould, o teclado de Roddy Bottum – ah, o teclado de Roddy Bottum… – e o groove muscular que quase levou o Olympia abaixo em setembro de 91, quando tive a oportunidade de presenciar um dos shows mais foda dessa minha existência terrena.
Em 92, já estabelecidos como gigantes e com Mike Patton dando vazão total à suas maluquices, o Faith no More lançaria Angel dust e dali em diante seus filhos bastardos se espalhariam pela terra até brotarem em bizarrices como Limp Bizkit e maravilhas como Rage Against the Machine. Mas foi há exatos 30 anos, com The real thing, que essas e muitas outras sementes foram plantadas.
Disco da vida!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos