Eu poderia começar este pequeno texto sobre Hard light, o novo disco do Drop Nineteens lançado após um hiato de três décadas, dizendo que para o quinteto de Boston o tempo não passou e nada mudou em sua música, mas seria uma meia verdade. Porque eles, como eu, estão velhos (hahaha), e 30 anos é um intervalo longo pra caralho então é impossível que não ocorram mudanças, seja no que for.
Ok, as vozes de Greg Ackell e Paula Kelley parecem inoxidáveis e a química musical entre eles, Steve Zimmerman, Motohiro Yasue e Pete Koeplin idem, mas é inegável que o senhor tempo agiu no balanceamento da fórmula shoegaze + alt rock do grupo e, ao menos aos meus ouvidos, aqui eles conseguiram soar ainda melhor que no querido Delaware (1992) ou em National coma (1995).
Hard light não trará semi hits como “My aquarium” ou “Winona”, até porque hoje não há mais listas de indie rock na Billboard ou NME tampouco o 120 Minutes ou as college radios como eram; a forma que se consome música é outra (ainda bem) e o shoegaze não é mais novidade pra ninguém, porém mesmo com tudo isso afirmo que neste surpreendente retorno os Nineteens – mais ou menos como o Ride fez em Weather diaries – conseguiram condensar em 11 canções divididas em enxutos 41 minutos o melhor do que produziram em seus primeiros anos de vida e, também como escrevi sobre seus contemporâneos de Oxford, sem forçar a barra para se parecerem com o que eram nos noventa.
Ouça no talo e ateste
Ou no spotifuck
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos