Cindy Lee – Diamond Jubilee (2024)

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Conheci Cindy Lee no início de 2020 – pouco antes da maldita pandemia – com What’s tonight to eternity, seu segundo disco. Aquela coisa experimental com alguns vislumbres pop fez minha cabeça, que logo se perdeu entre ansiedade, álcool, medo, perdas, dor e toda a merda que foram os dois anos pandêmicos. Me esqueci dela, como de tantas outras coisas.

Corta para 2024, quando durante pesquisas para a gravação de uma edição do PCP versão radiofônica resgatei a última faixa do álbum citado, chamada “Heavy metal”; fui buscar sobre Cindy e descobri que:

A) Ela acabara de lançar um novo disco triplo (!!!), algo que eu julgava ser absolutamente impensável para os atuais padrões da música. Óbvio que iria escutar.

B) Já conhecia Cindy, mas com o nome de Patrick Flegel. Senta que lá vem mais história…

Há muito tempo, durante leituras sobre os pós-punks Viet Cong, depois Preoccupations, soube que metade da banda vinha de um outro grupo chamado Women. Como um bom adicto fui atrás de conhecimento, enlouqueci com os dois álbuns deles (Women, de 2008; e Public strain, de 2010) e constatei que após a morte do baterista Chris Reimer em 2012 o quarteto formado por ele, Mike Wallace e os irmãos Matt e Patrick Flegel se desfez.

Voltando ao segundo parágrafo e à pesquisa sobre Lee, a descoberta e o porquê de já conhecê-la: este é desde o fim do Women o nome adotado por seu ex-vocalista Patrick, então há mais de uma década gravando e se apresentando como a drag Cindy.

E sobre o item ‘A’ deste pequeno texto, o tal disco triplo ou CD duplo se chama Diamond Jubilee, saiu oficialmente em março deste ano apenas no YouTube e num site criado para baixá-lo (além de compositora e musicista foda, Cindy é em si um ato de confronto, inclusive contra a indústria musical) e agora em outubro em versões físicas pelo selo californiano Superior Viaduct.

Musicalmente é seu trabalho menos experimental mas não menos intrincado. A autora passou anos trabalhando em suas 32 canções, e o resultado soa como se parte da música de décadas atrás – da psicodelia a sonoridade das girl groups indo até a inocência do rock recém-nascido dos anos 1950 – passassem por um filtro ruidoso de baixa fidelidade, gerando uma sonoridade sem pares no rock atual, igualmente emotiva e chapada, turbulenta e sonhadora.

E para além dessas informações, Diamond jubilee é, ao menos até agora, meu álbum preferido neste 2024 que ruma veloz rumo ao seu fim.

Obrigado, Cindy Lee!

 

 

Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos

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